07 de agosto de 2013 - 16h21

Produto criado no Brasil pode eliminar uso de fertilizantes nitrogenados

Agricultura
O fim dos fertilizantes nitrogenados – é o que promete a empresa brasileira LBE Biotecnologia com o lançamento de seu novo produto, batizado de “Green Factor”.
 
Definido pelos pesquisadores como “uma sopa de íons em um meio de aminoácidos”, o produto se propõe a substituir o uso da ureia, do sulfato de amônia e do nitrato de amônia.
 
A LBE afirma que seus testes de campo apontaram resultados de produtividade superiores em soja, milho, feijão e arroz.
 
De acordo com a empresa, o Green Factor é “aplicado na terra, no momento da semeadura, e atua em nível nutricional na planta”, estimulando o crescimento. Segundo eles, “sem modificar seu DNA”, ou seja, “não cria um vegetal transgênico”.
 
Ao invés de fornecer diretamente o nitrogênio para a cultura onde é aplicado, ele permite que os vegetais captem este nutriente do próprio ar - onde ele é abundante.
 
"É como se, ao invés de dar o alimento já pronto, ensinássemos as plantas a pescar. Isso porque, 72% do ar que respiramos é composto por nitrogênio.
 
Iniciei minhas pesquisas com base no seguinte questionamento: por que, afinal, precisamos dar nitrogênio às plantas, se a própria natureza é uma fonte inesgotável deste nutriente? Tudo o que fizemos foi ajudar as plantas a se alimentar sozinhas e, com isso, atingir um nível de desenvolvimento próximo ao máximo determinado por seu potencial genético", explica o pesquisador José Guerra, fundador da LBE (sediada em Santa Catarina) e criador do produto.
 
“O Green Factor representa grande economia para o produtor sob diversos aspectos. Primeiro, porque ele é efetivamente mais barato.
 
O investimento em uma embalagem de cinco litros do produto, que é apresentado na forma líquida, é de R$ 300,00 e pode substituir até 500kg de fertilizantes à base de ureia.
 
Além disso, há a questão logística, já que cinco litros de Green Factor são muito mais fáceis de serem transportados do que meia tonelada de fertilizante convencional”, diz Guerra.
 
No caso de culturas como a do tabaco, que utiliza principalmente o salitre vindo do Chile como fertilizante, a empresa garante que o produto “é ainda mais econômico. Em um hectare de cultivo, o gasto com o produto tradicional é de R$ 1.000,00.
 
Com o Green Factor, este investimento cai para R$ 300,00 e a produtividade da lavoura ainda aumenta 15%.
 
Além disso, o salitre é explosivo em contato com a determinados pesticidas, o que muitas vezes obriga os produtores a transportar separadamente estes dois elementos - dobrando o gasto com logística nessa fase da produção”, completa.
 
O criador do produto sustenta ainda que ele é “melhor para o meio ambiente”, uma vez que não usa nenhuma molécula dos compostos nitrogenados presentes nos fertilizantes tradicionais.
 
Isso porque os nitratos gerados na decomposição deste tipo de produto são arrastados pela chuva até os lençóis freáticos, podendo contaminar e provocar sérios problemas de saúde.
 
A LBE anuncia que o Green Factor é resultado de oito anos de pesquisas e desenvolvimento em laboratórios - que consumiram um investimento de cerca de R$ 8 milhões.
 
Foi classificado pelo Ministério da Agricultura como produto organomineral classe A, por ter nível zero de toxidade dermal e oral e não conter sódio em sua composição.
 
“Nossa empresa sempre buscou o que chamamos de agricultura limpa, que para nós significa produzir alimentos sem gerar nenhum tipo de toxicidade.
 
Como a base de nosso trabalho são os aminoácidos, que são compostos orgânicos responsáveis pela síntese de proteínas, nossos produtos não agridem o meio ambiente, não empobrecem o solo e não deixam resíduos tóxicos que, com o passar dos anos, podem causar danos à saúde da população", justifica Guerra.
 
A LBE chama ainda atenção para o aspecto econômico. Os fertilizantes nitrogenados são obtidos a partir da amônia, que é resultado da transformação química do gás natural. O Brasil tem carência destes insumos e precisa importá-los.
 
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior apontam que, em 2012, o Brasil gastou US$ 8,584 bilhões nas compras externas de fertilizantes. (Agrolink)