30 de maio de 2013 - 11h30

Reintegração de posse de fazenda já tem a morte de um índio

Conflito Fundiário
Corpo de indígena morto em conflito é retirado de hospital - Marcos Tomé/ Região News
Um índio terena foi morto e ao menos três ficaram feridos durante o início, na manhã desta quinta-feira (30) da ação de reintegração de posse da fazenda Buriti  de Sidrolândia, a cerca de 60 km de Campo Grande. O conflito, que já vinha se agravando a dias, desde a invação da propriedade em 08 de maio,  era anunciado como perigoso e que agravaria a partir desta manhã, quando a polícia será obrigada a cumprir decisão judicial. Sem acordo, juiz determinou ontem, imediata reintegração de posse na Buriti, após 4 horas, de audiência que buscava a conciliação fracassar na 1ª Vara da Justiça Federal. 
 
De acordo com o Hospital Beneficente Elmíria Silvério Barbosa, um índio, de 35 anos, morreu por volta das 9h30 de hoje. Os outros três índios levados ao hospital tiveram ferimentos leves. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) informou que o índio morto se chamava Osiel Gabriel e foi ferido à bala.
 
Ainda era madrugada quando policiais federais e militares chegaram para cumprir a ordem judicial de reintegração de posse e retirar os índios da fazenda Buriti, ocupada desde o inicio do mês e que já foi invadida diversas vezes. A propriedade pertence ao ex-deputado estadual Ricardo Bacha.
 
Cimi e indígenas relatam que foram pegos de surpresa, pois aguardavam serem intimados da decisão por um oficial de justiça. Um indígena, que não quis se identificar, relatou que cerca de 50 policiais federais e da Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais) chegaram às 6h da manhã.
 
Juiz autorizou e Cimi contesta
 
A reintegração de posse foi autorizada ontem (29) à tarde, pelo juiz substituto da 1ª Vara Federal de Campo Grande, Ronaldo José da Silva, após reunião entre os índios e os donos das fazendas, inclusive Bacha. Segundo a Polícia Federal, os índios resistiram à ação policial. Informações preliminares, ainda não confirmadas pela PF, dão conta de que a sede da fazenda chegou a ser incendiada, antes do confronto.
 
De acordo com o Cimi, a fazenda fica no interior da Terra Indígena Buriti, declarada pelo Ministério da Justiça como de ocupação tradicional, em 2010. Dos 17 mil hectares reconhecidos, os índios ocupam hoje apenas 3 mil hectares (um hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, o equivalente a um campo de futebol oficial).
 
Tentativa e ordem
 
Uma primeira tentativa de desocupar a área foi abortada pela PF no último dia 20, quando os índios também resistiram à ação policial determinada pela Justiça que, diante do conflito, suspendeu a ordem de reintegração até que proprietários e índios realizassem reunião de conciliação. A reunião aconteceu ontem (29) e, como não houve acordo, o juiz Ronaldo José da Silva autorizou a desocupação da propriedade.