29 de maio de 2013 - 09h10

Governo adia as demarcações de terras em MS, mas não aponta parar

Agronegócio
Os produtores rurais de Mato Grosso do Sul, com apoio político, de quase todos os parlamentares do Estado, em audiência ontem (28) com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman, conseguiram arrancar ao menos uma garantia que deve adiar as decisões sobre o processo de demarcação de terras indígenas no Estado. O governo federal adia as demarcações, mas não aponta parar. O que se retirou da ministra foi que os processos não podem ser feito somente pela Funai (Fundação Nacional do Índio).
 
“Ela prometeu que a Funai não vai mais fazer o processo de demarcação sozinha. Agora terão de ser ouvidos o Ministério da Agricultura, o Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário e a Embrapa. Nenhum laudo será conclusivo sem que essas entidades se manifestem”, afirmou o senador Waldemir Moka, coordenador da bancada federal do Estado, ao sair da reunião, que durou cerca de duas horas, e contou também com a presença do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
 
Glesi pediu que o governo do Estado, representado pela vice-governadora Simone Tebet, e a Famasul (Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul), presidida por Eduardo Riedel, também presente na reunião, envie ao governo federal a lista das áreas que estão sendo objeto de demarcação ou de litígio com os indígenas, a fim de determinar à Funai que, antes de qualquer decisão, colha opiniões dos outros órgãos. 
 
Participaram da reunião com os dois ministros de Dilma Roussef 18 dos 24 deputados estaduais, os oito deputados federais e os três senadores do Estado, a vice-governadora Simone Tebet, o fazendeiro Ricardo Bacha, que teve recentemente a fazenda invadida em Sidrolândia, e as demais lideranças ruralistas, entre as quais os presidentes da Famasul, Eduardo Riedel, e da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Francisco Maia.
 
Sem ter a suspensão das demarcações
 
O senador apontou que ao menos a medida dará “caráter mais transparente e justo” para os processos de demarcação de terras indígenas. “A Embrapa tem condições de dizer o que tinha na área há 40 ou 50 anos atrás e mostrar que os índios foram para lá para invadir e depois dizer que é terra deles”, explicou o parlamentar. E acaba tendo efeito inibidor às mobilizações pró-invasões. “Esse pessoal da Funai, Cimi e ONGs ficam trabalhando para aumentar invasões para dizer que eram terras de índios”, criticou o senador.
 
Indagado se essa medida satisfez os produtores rurais e os políticos presentes na reunião, Moka respondeu: “Queríamos mesmo era a suspensão das demarcações enquanto não tiver decisão do Supremo Tribunal Federal a partir da Raposa Serra do Sol. A decisão que o STF tomar vai valer para todo o governo. Aquela decisão não tem como ampliar aldeia, fazer novas demarcações”, lembrou.
 
Segundo Moka, o que Mato Grosso do Sul conseguiu foi a mesma coisa que Rio Grande do Sul e Paraná tinham conquistado: a ampliação dos órgãos a opinarem sobre as demarcações de terras indígenas.