Redação O Estado de S. Paulo | 31 de dezembro de 2025 - 12h55

Jessie J desabafa sobre câncer e fim de ano difícil

Cantora britânica, diagnosticada com câncer de mama em 2025, fala sobre dor emocional, tratamento e retomada da carreira ao olhar para o ano que termina

FAMOSOS
Jessie J desabafa nas redes sociais sobre o fim de ano após diagnóstico de câncer de mama, cirurgia e um dos anos mais difíceis de sua vida. - Foto: (Imagem Ilustrativa / A Critica)

Jessie J abriu o coração sobre o impacto emocional de 2025 ao fazer um desabafo nas redes sociais na noite de terça-feira, 30. Depois de ser diagnosticada com câncer de mama em estágio inicial, passar por tratamentos, uma mastectomia e seguir dividindo cada etapa com os fãs, a cantora britânica contou que este fim de ano tem sido especialmente pesado. Em uma sequência de stories no Instagram, ela publicou a foto de um olho cheio de lágrimas e admitiu que está vivendo um dos períodos mais delicados da vida. "Este é um relato sincero que, tenho certeza, vai viralizar. Mas quem se importa?", escreveu, indicando que o objetivo era ser honesta, e não gerar repercussão.

Para além do diagnóstico e da recuperação física, Jessie J revelou que a carga emocional acumulada ao longo dos últimos meses explodiu nos últimos dias. Ela descreveu 2025 como um dos anos "mais difíceis e mais mágicos" de sua trajetória pessoal e profissional, mas contou que "toda a tristeza veio à tona esta semana". O desabafo joga luz sobre um ponto que muitas vezes fica escondido: a pressão para parecer forte e feliz, mesmo em meio à doença, ao luto e às incertezas.

Na mensagem publicada nos stories, a cantora contestou a ideia de que o fim de ano é, obrigatoriamente, um tempo de felicidade plena, festividades e saldo positivo. Jessie J lembrou que, por trás de fotos sorridentes e retrospectivas nas redes sociais, muita gente está lidando com sentimentos difíceis.

Ela destacou que, neste período, "há luto, mágoa, dor, tristeza, desgosto e reflexão acontecendo nesta época do ano para muitos de nós, junto com as coisas boas e ótimas, ou por si só". O relato reforça que a experiência de fim de ano pode ser contraditória, com conquistas e alegrias convivendo com cansaço, saudade e sofrimento.

Jessie também explicou que o momento atual é o primeiro em que conseguiu, de fato, desacelerar depois de meses de trabalho intenso e aparições públicas. "É a primeira vez que parei (de trabalhar e de estar em público em meses). Então, estou chorando muito. Escrevendo coisas, me sentindo muito mal, para ser sincera. O pior que me senti em muito tempo", confidenciou.

Ao falar sobre o estado emocional, a cantora de 37 anos contou que está lidando com um acúmulo de sentimentos que veio à superfície agora. "Um acúmulo de coisas simplesmente vindo à tona e estou deixando sair. Não guardem tudo para si, pessoal. Não somos super-humanos nem fomos feitos para sermos felizes e positivos o tempo todo", escreveu.

O recado é direto: mesmo para quem está acostumado aos palcos, aos holofotes e à imagem pública de força, existem limites emocionais. Jessie J deixou claro que o choro e a vulnerabilidade, para ela, fazem parte do processo de tentar entender tudo o que viveu desde o diagnóstico, passando pela cirurgia, pelas internações e pela tentativa de retomar a rotina profissional.

No fim do texto, a cantora fez questão de se dirigir a quem pode estar sentindo algo parecido neste momento. "Enviando amor para todos que também estão se sentindo assim agora. Não há um final positivo aqui. Só que estou com vocês. Às vezes é uma merda", concluiu. O tom franco, sem frases de efeito ou promessas de superação imediata, reforça o desejo de normalizar a vulnerabilidade, mesmo quando não há um “final feliz” pronto para ser contado.

O desabafo vem depois de um ano em que Jessie J tornou público não apenas o diagnóstico, mas também a trajetória contra o câncer de mama. Ela revelou a doença no começo de junho, explicando que tinha refletido muito antes de falar sobre o assunto abertamente. Na época, ressaltou que se sentia grata por ter descoberto o câncer em estágio inicial, o que aumentava as chances de sucesso no tratamento.

A decisão de dividir o processo com o público veio acompanhada de uma mudança na agenda. A cantora anunciou que precisaria se afastar dos palcos temporariamente para realizar uma mastectomia, cirurgia indicada no tratamento do câncer de mama. Como consequência, cancelou a parte de sua turnê que passaria pela Europa e pela América do Norte.

Em julho, após o procedimento, Jessie J celebrou um importante sinal de esperança: os exames feitos depois da cirurgia indicaram que a doença não havia se espalhado. Foi um dos momentos de alívio em meio a um ano marcado por consultas, decisões médicas e ajustes na carreira.

Mesmo com o bom resultado após a mastectomia, o caminho de volta à normalidade não foi simples. Em agosto, Jessie J foi internada com infecção e líquido nos pulmões, uma complicação que reforçou a mensagem de que a recuperação do câncer não acontece de forma rápida ou linear.

Ela fez questão de pontuar que, mesmo com bons exames, o processo de cura física e emocional é demorado. A cantora destacou que a recuperação seria lenta, o que ajudou o público a entender que o fim do tratamento oncológico não significa, automaticamente, o fim das dificuldades.

Esses episódios ajudam a contextualizar o desabafo atual. Ao olhar para o fim de 2025, Jessie não fala apenas do diagnóstico, mas também da sequência de desafios, desde a cirurgia até a internação e a tentativa de reencontrar um equilíbrio entre trabalho, família, saúde mental e palco.

Mesmo ainda em tratamento, Jessie J incluiu o Brasil em um momento importante dessa retomada. Em setembro, ela veio ao país para se apresentar no festival The Town, em São Paulo. Antes de subir ao palco, já havia avisado que o show seria diferente: um formato acústico, mais curto, de cerca de uma hora.

Durante a apresentação, a cantora abriu o coração sobre o que a música representa para ela, especialmente neste período. "Algumas pessoas usam medicamentos, outros meditam, esta é minha forma de cura", afirmou diante do público, deixando claro que cantar ainda é uma das principais maneiras de lidar com o que sente.

Ela também explicou que, naquele momento, "ainda não estava pronta para fazer um show completo". A sinceridade sobre as próprias limitações, somada ao esforço de se conectar com os fãs brasileiros mesmo em meio à fragilidade, reforçou o tom de autenticidade que reaparece agora, no desabafo de fim de ano.

Apesar das pausas e adaptações, Jessie J seguiu criando. Em novembro, lançou o sexto álbum da carreira, intitulado Don't Tease Me With A Good Time. O trabalho marca uma etapa de retomada artística depois de meses de foco na saúde.

A cantora também já tem planos para voltar à estrada. Ela prevê retomar sua turnê pelos Estados Unidos em janeiro, sinal de que, aos poucos, tenta reorganizar a rotina profissional. Ainda assim, seu relato recente mostra que a presença no palco e o lançamento de um novo álbum não anulam o peso emocional do ano.

Jessie J também é mãe de um menino de 2 anos, Sky, fruto do relacionamento com o jogador de basquete Chanan Colman. Conciliar maternidade, tratamento contra o câncer, carreira internacional e exposição pública é parte do contexto que ajuda a entender por que ela define 2025 como um ano simultaneamente "difícil" e "mágico".

Ao se mostrar chorando, cansada e sem respostas prontas, a cantora amplia o debate sobre saúde emocional, especialmente neste período em que crescem as cobranças por balanços felizes e listas de conquistas. Seu recado, no fim, é simples e direto: ninguém precisa estar bem o tempo todo, e admitir isso também faz parte da cura.