Redação | 31 de dezembro de 2025 - 07h40

Acareação no STF coloca banqueiro e ex-presidente do BRB frente a frente por fraude bilionária

Procedimento durou pouco mais de meia hora e ocorreu após depoimento considerado decisivo por investigadores

STF
Sede do STF, onde ocorreu a acareação entre os investigados na apuração sobre fraude bilionária envolvendo bancos - (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

A acareação entre o banqueiro Daniel Vorcaro e o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, terminou por volta das 21h30 desta terça-feira (30), na sede do Supremo Tribunal Federal (STF). O procedimento durou pouco mais de meia hora e foi motivado por contradições nos depoimentos prestados pelos dois à Polícia Federal.

O encontro ocorreu após a oitiva do diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino Santos, que acabou dispensado da acareação. Segundo interlocutores, a decisão foi tomada pelo ministro Dias Toffoli, por meio de um juiz auxiliar que acompanhou os depoimentos ao longo da tarde.

A avaliação interna foi de que o depoimento de Aquino teve peso decisivo. Fontes que acompanham a investigação o classificaram como “valioso”, “exato” e “didático”, destacando a apresentação detalhada de datas, fatos e movimentações financeiras, o que teria colocado Vorcaro e Costa em situação delicada diante das versões apresentadas anteriormente.

Aquino foi o último a ser ouvido individualmente pela delegada Janaína Palazzo, responsável pela investigação. Antes dele, Paulo Henrique Costa prestou depoimento por cerca de duas horas e meia. Já Daniel Vorcaro foi o primeiro a falar e permaneceu em oitiva por aproximadamente três horas.

Inicialmente, o relator do processo havia determinado que a acareação fosse realizada antes da coleta dos depoimentos. No entanto, o STF informou posteriormente que o procedimento só ocorreria caso a Polícia Federal identificasse divergências relevantes entre as versões. As contradições acabaram confirmadas, como revelou o Estadão/Broadcast.

Vorcaro e Costa são investigados por supostas irregularidades na venda de carteiras de crédito consignado do Banco Master ao BRB, operação avaliada em R$ 12,2 bilhões. A apuração aponta que as carteiras seriam inexistentes ou fraudulentas.

Embora não seja investigado, Aquino teve papel central no caso. Foi ele quem recomendou a liquidação do Banco Master à diretoria colegiada do Banco Central e, ao lado do presidente da instituição, Gabriel Galípolo, comunicou o Ministério Público sobre os indícios de fraude. O Banco Central decretou a liquidação do Master em 18 de novembro.

Daniel Vorcaro chegou a ser preso preventivamente em 17 de novembro, mas deixou a prisão no dia 29, após a concessão de habeas corpus, passando a usar tornozeleira eletrônica. Já Paulo Henrique Costa foi afastado da presidência do BRB por decisão judicial.

A investigação foi remetida ao STF após a apreensão de um documento em posse de Vorcaro que mencionava um deputado federal, o que levou à mudança de instância do processo.