Qual a origem e o significado das simpatias de Ano Novo praticadas no Brasil
Rituais populares atravessam culturas, religiões e séculos na busca por sorte, prosperidade e renovação
ANO NOVOCom a chegada do Ano Novo, simpatias e rituais ganham espaço nos lares, nas praias e nas conversas entre amigos e familiares. Mais do que simples superstições, essas práticas carregam significados profundos e origens que atravessam culturas antigas, religiões e tradições populares espalhadas pelo mundo. No Brasil, esse repertório simbólico se fortaleceu a partir da mistura entre costumes europeus, crenças africanas e referências religiosas.
A ideia central dessas práticas é marcar simbolicamente o encerramento de um ciclo e a abertura de outro, reforçando desejos de paz, saúde, prosperidade e equilíbrio. Entender de onde vêm essas simpatias ajuda a compreender por que elas seguem tão presentes, geração após geração.
O branco como símbolo de paz e recomeço
Usar roupas brancas na virada do ano é uma tradição fortemente associada às religiões de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé. Nessas crenças, o branco simboliza purificação, proteção espiritual e equilíbrio, sendo utilizado em rituais de limpeza energética e conexão com os orixás.
No Brasil, o costume se popularizou principalmente nas regiões litorâneas e acabou sendo incorporado ao Réveillon como um gesto coletivo de busca por paz e harmonia para o novo ciclo.
Romã e a ideia de fartura
A romã é símbolo de fertilidade, abundância e prosperidade desde a Antiguidade. Na Grécia antiga, a fruta estava ligada a rituais religiosos e à mitologia, sendo associada à vida, à renovação e à riqueza. A tradição chegou à Península Ibérica e, posteriormente, ao Brasil.
O costume mais conhecido consiste em chupar alguns grãos da fruta e guardá-los na carteira ao longo do ano, como um amuleto para atrair dinheiro e manter a prosperidade constante.
Sete ondas e a força do mar
Pular sete ondas à meia-noite é um ritual ligado à devoção a Iemanjá, orixá das águas salgadas nas religiões de matriz africana. O mar representa renovação, limpeza espiritual e proteção, e o ato de pular as ondas simboliza a superação de obstáculos e a abertura de caminhos.
O número sete é considerado sagrado em diversas culturas, associado à perfeição, ao equilíbrio e à espiritualidade, o que reforça o simbolismo do ritual.
As doze uvas e os meses do ano
A tradição de comer doze uvas verdes durante a virada tem origem na Espanha e em Portugal. Cada uva representa um mês do ano que se inicia. O costume surgiu como um ritual de boa sorte e prosperidade, especialmente após períodos de escassez.
Ao longo do tempo, a prática se espalhou para outros países e ganhou adaptações, como a realização de pedidos ou mentalizações positivas a cada uva consumida.
Lentilha como sinal de riqueza
A lentilha é associada à prosperidade por seu formato semelhante a pequenas moedas. A tradição tem base bíblica, em uma passagem do Velho Testamento que associa a leguminosa à ascensão econômica.
Comer lentilha na virada simboliza fartura, crescimento financeiro e estabilidade ao longo do ano que começa, sendo um dos rituais mais comuns nas ceias de Réveillon.
Canela e o convite à abundância
Soprar canela na entrada da casa tornou-se popular nos últimos anos, impulsionado pelas redes sociais. A canela, desde a Antiguidade, é considerada uma especiaria ligada à prosperidade, proteção e atração de boas energias.
O ritual consiste em soprar a canela para dentro do ambiente, simbolizando a entrada da fartura e da abundância no novo ciclo. Embora seja mais recente na cultura popular brasileira, o gesto se conecta a crenças antigas sobre o poder energético das especiarias.