Emprego com carteira assinada bate recorde e alcança 39,4 milhões no Brasil
Alta no setor privado e avanço do emprego público reduzem informalidade e impulsionam renda, aponta IBGE
MERCADO DE TRABALHOO número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado brasileiro atingiu um novo recorde no trimestre encerrado em novembro. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados nesta terça-feira (30) pelo IBGE, o contingente cresceu 2,6% no período, com a inclusão de cerca de 1 milhão de pessoas, totalizando 39,4 milhões de empregados formais no setor privado.
O resultado reforça a trajetória de crescimento sustentado do emprego formal ao longo de 2024 e consolida o maior patamar da série histórica da pesquisa. O levantamento não inclui trabalhadores domésticos.
De acordo com a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy, apesar de a variação trimestral não ser estatisticamente significativa, o movimento contínuo de geração de vagas permitiu alcançar um número inédito de trabalhadores com carteira assinada. “Embora não significativa, sempre vem acrescentando carteira no cômputo geral. É um movimento sustentado ao longo de 2024 e agora para 2025”, explicou.
O emprego no setor público também avançou e chegou a 13,1 milhões de trabalhadores, outro recorde da série histórica. O crescimento foi de 1,9% no trimestre, com a incorporação de mais 250 mil pessoas. Na comparação anual, o aumento foi de 3,8%, o que representa 484 mil novos trabalhadores.
Parte expressiva desse avanço ocorreu em áreas como administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais. Esse grupamento cresceu 2,6% no trimestre, com mais 492 mil pessoas ocupadas. Segundo o IBGE, mesmo com a existência de contratos temporários, especialmente na educação, esses vínculos não são considerados informais, pois possuem respaldo legal.
O crescimento do emprego formal teve reflexo direto na redução da taxa de informalidade. No trimestre encerrado em novembro, 37,7% da população ocupada estava em situação informal, o equivalente a 38,8 milhões de pessoas. No trimestre anterior, encerrado em agosto, a taxa era de 38,0%, com 38,9 milhões de trabalhadores informais.
O índice também ficou abaixo do registrado no mesmo período de 2024, quando a informalidade alcançava 38,8% da população ocupada, ou 39,5 milhões de pessoas. Para Adriana Beringuy, o dado indica uma mudança relevante na composição do mercado de trabalho. “O ramo informal não apenas não cresceu como retraiu, mostrando perda de força da informalidade”, avaliou.
O IBGE considera como informais os trabalhadores sem carteira assinada no setor privado, empregados domésticos sem carteira, trabalhadores por conta própria sem CNPJ, empregadores sem CNPJ e trabalhadores familiares auxiliares.
Outro destaque do levantamento foi o número de trabalhadores por conta própria, que atingiu 26 milhões de pessoas, o maior volume já registrado pela Pnad Contínua. Embora o indicador tenha permanecido estável em relação ao trimestre anterior, houve crescimento de 2,9% no acumulado do ano, com acréscimo de 734 mil pessoas.
“O trabalho por conta própria chega à marca inédita de 26 milhões. Mesmo com estabilidade no trimestre, a expansão continuada assegurou esse volume recorde”, afirmou a coordenadora da pesquisa.
Já o número de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado ficou estável no trimestre, somando 13,6 milhões de pessoas. Na comparação anual, houve recuo de 3,4%, com menos 486 mil trabalhadores nessa condição.
A taxa de desocupação no trimestre encerrado em agosto ficou em 5,2% da força de trabalho, o equivalente a 5,6 milhões de pessoas em busca de emprego. Trata-se do menor índice desde 2012, quando teve início a série histórica da Pnad Contínua.
Desde o trimestre encerrado em junho de 2025, o indicador vem registrando sucessivas quedas, refletindo a ampliação da população ocupada e o fortalecimento do mercado de trabalho.
Além do avanço do emprego, o rendimento médio real habitual da população ocupada também alcançou um novo recorde no trimestre encerrado em novembro, chegando a R$ 3.574. O valor representa alta de 1,8% em relação ao trimestre anterior e de 4,5% na comparação anual, já descontados os efeitos da inflação.
O aumento foi puxado principalmente pelos rendimentos dos trabalhadores dos setores de Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas, que registraram crescimento de 5,4%. Na comparação anual, também houve ganhos em Agricultura e pecuária (7,3%), Construção (6,7%), Administração pública (4,2%) e Serviços domésticos (5,5%).
Com a combinação entre aumento do número de ocupados e melhora nos rendimentos, a massa de rendimento real habitual atingiu R$ 363,7 bilhões, outro recorde. O montante cresceu 2,5% no trimestre, com acréscimo de R$ 9 bilhões, e 5,8% no ano, o que representa mais R$ 19,9 bilhões em circulação na economia.
A Pnad Contínua é a principal pesquisa do IBGE sobre o mercado de trabalho no Brasil. O levantamento abrange cerca de 211 mil domicílios em aproximadamente 3.500 municípios, visitados a cada trimestre. Cerca de dois mil entrevistadores participam da coleta de dados, vinculados a mais de 500 agências do instituto em todo o país.