Mais de 20 mil motoristas foram afastados do trânsito em MS em 2025 por infrações graves
Detran-MS endurece fiscalização, amplia uso de cursos de reciclagem e registra aumento de cassações
TRÂNSITOO Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS) encerra 2025 com números que evidenciam o peso da fiscalização na segurança viária. Ao longo do ano, mais de 20 mil condutores foram retirados temporariamente das vias para cumprimento de penalidades e participação obrigatória em cursos de reciclagem, medida adotada diante do crescimento das infrações registradas em todo o estado.
A atuação do órgão segue baseada no tripé formado por Engenharia, Educação e Fiscalização de trânsito, em que a correção de condutas infratoras é considerada indispensável para garantir o cumprimento da legislação e reduzir riscos nas vias públicas.
Dados do Detran-MS mostram que cerca de 14 mil motoristas tiveram a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa por ultrapassarem o limite de pontos permitido no período de 12 meses. A legislação prevê suspensão quando o condutor atinge 40, 30 ou 20 pontos, conforme a quantidade de infrações gravíssimas cometidas.
Além disso, outros 5.565 condutores perderam o direito de dirigir de forma direta, em razão da gravidade da infração, sem depender da soma de pontos. Nesse grupo estão motoristas flagrados dirigindo acima de 50% do limite de velocidade permitido, além de outras condutas que resultam em suspensão imediata.
Somadas, as penalidades levaram mais de 20 mil motoristas ao Curso de Reciclagem, processo educativo obrigatório que busca corrigir comportamentos de risco antes do retorno ao trânsito.
O Detran-MS mantém postura rígida em relação aos reincidentes. Condutores que continuam dirigindo mesmo após a suspensão estão sujeitos à cassação da CNH, a penalidade mais severa prevista no Código de Trânsito Brasileiro.
Em 2025, 2.735 motoristas tiveram a habilitação cassada por insistirem em desrespeitar a legislação. A medida impede o condutor de dirigir por dois anos e exige novo processo de habilitação após esse período.
Segundo a gerente especial de Penalidades e Coordenação do Renainf, Paloma Bueno, a aplicação das penalidades cumpre função educativa e preventiva. “Embora o Detran-MS invista em educação de trânsito, é importante manter medidas de correção para que haja mudança real de comportamento. A fiscalização atua como mecanismo de coerção imediata, garantindo o respeito às regras. A penalização é a consequência prática do desrespeito à lei”, explica.
Mesmo com o endurecimento da fiscalização, o direito de defesa administrativa dos condutores permanece garantido. Em 2025, o Detran-MS registrou 3.862 recursos protocolados de forma digital, entre multas, suspensões e cassações, número 16% maior que o do ano anterior.
A evolução do serviço mostra crescimento contínuo: em 2022 foram 1.032 recursos digitais, em 2023 o número subiu para 1.247, e em 2024 houve um salto para 3.227 solicitações.
De acordo com Paloma Bueno, a adesão está diretamente ligada à praticidade. “Com as ferramentas digitais, os condutores conseguem protocolar recursos, indicar o real infrator, consultar e pagar multas com mais facilidade. Os serviços estão disponíveis no Portal de Serviços, no aplicativo Meu Detran MS e no WhatsApp, por meio da atendente virtual Glória”, afirma.
Apesar das ações educativas e da fiscalização constante, o excesso de velocidade segue como a infração mais registrada em Mato Grosso do Sul. Até o dia 16 de dezembro de 2025, foram contabilizadas 976.157 infrações de trânsito em todo o estado.
Desse total, 44,06% estão relacionadas ao tráfego acima da velocidade máxima permitida, seja em até 20%, de 20% a 50% ou acima de 50%. O levantamento reforça a necessidade de atenção dos condutores e da manutenção das operações de fiscalização.
Outras infrações recorrentes em 2025 incluem avanço de sinal vermelho ou parada obrigatória (8,54%), não uso do cinto de segurança (5%) e uso de telefone celular ao volante (2,95%), comportamentos diretamente associados à ocorrência de sinistros. Além disso, mais de 4,5 mil motoristas foram penalizados por recusar o teste do bafômetro.
“A penalidade não existe apenas para punir, mas para alertar. Um comportamento inadequado, mesmo que pareça pequeno, pode gerar consequências graves e colocar vidas em risco”, finaliza Paloma Bueno.