Vanessa Araujo | 29 de dezembro de 2025 - 19h15

Tenente-coronel condenado por trama golpista se entrega à PF em Goiânia

Guilherme Marques Almeida cumprirá prisão domiciliar após decisão do STF

TRAMA GOLPISTA
Tenente-coronel condenado por participação em trama golpista se entregou à Polícia Federal em Goiânia. - (Foto: Divulgação)

O tenente-coronel do Exército Guilherme Marques Almeida, condenado a 13 anos e seis meses de prisão por integrar o chamado núcleo 4 da trama golpista, se entregou à Polícia Federal neste domingo (28). Ele foi detido ao desembarcar no aeroporto de Goiânia, onde já era aguardado por agentes da corporação, segundo informou a PF.

Marques Almeida está entre os condenados que tiveram a prisão domiciliar decretada no sábado (27) por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A medida foi adotada após a tentativa de fuga do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, flagrado ao tentar embarcar para El Salvador depois de romper a tornozeleira eletrônica.

Assim como os demais alvos da decisão, o tenente-coronel ficará submetido a uma série de medidas cautelares. Ele deverá usar tornozeleira eletrônica, está proibido de utilizar redes sociais, de manter contato com outros investigados e de receber visitas. Além disso, terá de entregar o passaporte às autoridades.

O militar já havia sido alvo da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal em fevereiro deste ano. Na ocasião, ele chegou a desmaiar no momento em que os agentes cumpriam mandados em sua residência.

De acordo com as investigações, Guilherme Marques Almeida aparece em um áudio obtido pela Polícia Federal no qual sugere “sair das quatro linhas” para viabilizar um golpe de Estado após as eleições de 2022. A gravação foi extraída de celulares e computadores apreendidos durante a investigação.

“Esse é o nosso mal, a gente não está saindo das quatro linhas. Vai ter uma hora que a gente vai ter que sair ou então eles vão continuar dominando a gente. É isso, cara, infelizmente é isso”, afirmou o tenente-coronel no material analisado pela PF.

O conteúdo é apontado como uma das provas que embasaram sua condenação no âmbito da ação penal que apura a tentativa de ruptura institucional após o resultado das eleições presidenciais.

Com a entrega de Marques Almeida, apenas um condenado segue foragido: Carlos Rocha, presidente do Instituto Voto Legal (IVL). Ele foi condenado a sete anos e seis meses de prisão por participação na trama golpista.

Segundo a acusação, Rocha teve atuação central na produção e divulgação de um relatório falso que apontava supostas falhas nas urnas eletrônicas, com o objetivo de sustentar a contestação do resultado das eleições de 2022.

Carlos Rocha foi condenado por dois dos cinco crimes imputados pela Procuradoria-Geral da República (PGR): organização criminosa armada e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. As buscas pelo foragido continuam.