O ator Anthony Hopkins, um dos nomes mais respeitados de Hollywood, celebrou 50 anos de sobriedade em um vídeo publicado nesta segunda-feira (29), dois dias antes de completar 88 anos. Na gravação, o artista falou abertamente sobre sua luta contra o alcoolismo e deixou uma mensagem de alerta e incentivo para quem enfrenta o mesmo problema.

No vídeo, Hopkins faz referência ao período de festas e à virada do ano ao relembrar os excessos do passado. “Meu único problema é que eu me divertia demais”, afirmou. Em tom reflexivo, o ator contou que chegou muito perto da morte. “Há 50 anos, eu quase morri. Eu dirigia o meu carro e tive um apagão alcoólico. Isso se chama alcoolismo”, disse.

Ao compartilhar sua experiência, Hopkins direcionou a fala a pessoas que se identificam com os sinais da doença. “Se você tem muitos problemas com ‘ter coisas demais’, dê uma olhada. Porque a vida é muito melhor”, afirmou, reforçando que a sobriedade trouxe mudanças profundas e positivas.

O ator também relembrou o momento decisivo em que buscou ajuda. “Eu procurei ajuda há 50 anos. Não quero ser um desmancha-prazeres. Eu só te desejo o bem. Escolha a vida em vez do oposto da vida”, declarou.

Anthony Hopkins costuma falar de forma franca sobre os desafios que enfrentou com o alcoolismo. Em sua autobiografia Até Que Deu Tudo Certo, lançada em novembro pela Editora Sextante, o ator descreve como o vício marcou sua juventude e seus primeiros anos de carreira.

No livro, ele lamenta ter perdido o “frenesi dos anos 1960” e relata ter se tornado um “pinguço briguento”, comportamento que associa a outros ícones do teatro britânico, como Richard Burton, Peter O’Toole e Richard Harris.

“Toda notícia, boa ou ruim, era uma desculpa para beber. Quando me sentia sozinho, a única maneira de derrubar as barricadas entre mim e os outros e experimentar alguma conexão com o mundo era a bebida”, escreveu. Em outro trecho, definiu o álcool de forma contundente: “A diversão oferecida pela bebida é um escorpião — sua picada é letal”.

O alcoolismo e a depressão tiveram consequências profundas na vida pessoal do ator. Seu primeiro casamento, com Petronella Barker, foi marcado por conflitos e acabou ruindo. Os dois tiveram uma filha, Abigail, com quem Hopkins mantém pouco contato até hoje — situação que ele define como o maior arrependimento de sua vida.

Em 1975, após ser internado, o ator passou a compreender o alcoolismo como uma doença que precisava ser tratada. A partir da decisão de parar de beber, sua vida e carreira passaram por uma transformação radical.

Após a sobriedade, a carreira de Anthony Hopkins ganhou novo impulso e se consolidou no cinema mundial. Ele se tornou protagonista de alguns dos maiores clássicos da história do cinema e conquistou dois Oscars de Melhor Ator: o primeiro por O Silêncio dos Inocentes (1991) e o segundo por Meu Pai (2020).