Talita Facchini | 29 de dezembro de 2025 - 11h05

Obras de Thomas Mann e outros autores entram em domínio público em 2026

A partir de janeiro, livros de escritores que morreram em 1955 poderão ser publicados e adaptados livremente; editoras já preparam novas edições

CULTURA
No Brasil, a regra geral estabelece que os direitos autorais expiram 70 anos após a morte do autor, contados a partir de 1º de janeiro do ano seguinte ao falecimento - (Foto: Imagem ilustrativa/A Crítica)

O início de 2026 traz uma mudança importante para o universo literário: obras de diversos autores que morreram em 1955 entram oficialmente em domínio público. Isso significa que seus livros poderão ser editados, traduzidos e adaptados livremente, sem a necessidade de autorização ou pagamento de direitos autorais — conforme determina a lei brasileira, que garante proteção às obras por 70 anos após a morte do autor, contados a partir de 1º de janeiro do ano seguinte ao falecimento.

Entre os nomes que passam a integrar o domínio público estão figuras marcantes da literatura mundial, como o alemão Thomas Mann e os americanos Dale Carnegie, James Agee, Wallace Stevens e Robert P. Tristram Coffin. A mudança deve movimentar o mercado editorial, com novas publicações e reedições previstas ainda para o início do ano.

Um dos lançamentos mais aguardados é o de “A Morte em Veneza”, clássico de Thomas Mann que ganhará duas novas versões pela editora Zain a partir de 20 de janeiro. A primeira delas reunirá, além da obra literária em tradução de Julia Bussius, o libreto da ópera homônima composta por Benjamin Britten, traduzido por Júlio Castañon Guimarães. A edição contará ainda com dois posfácios inéditos, assinados por João Silvério Trevisan e Dieter Borchmeyer, um dos maiores estudiosos da obra do autor alemão.

A segunda versão será um box especial que incluirá o livro e um encarte com ilustrações de Carla Caffé, um texto crítico da diretora de ópera Livia Sabag e duas entrevistas exclusivas — uma com a germanista Caren Heuer, diretora do Buddenbrookhaus, sobre a obra de Mann, e outra com o compositor Colin Matthews, ex-assistente de Britten, sobre a criação da ópera.

Com as novas inclusões, Mann e seus contemporâneos se juntam à lista de escritores já em domínio público, como Machado de Assis, Oswald de Andrade, Virginia Woolf, Ernest Hemingway e William Shakespeare — nomes que continuam a inspirar novas leituras e interpretações, décadas após suas mortes.

Quem são os autores que entram em domínio público

Thomas Mann (1875–1955)
Considerado um dos maiores escritores alemães do século 20, Thomas Mann venceu o Prêmio Nobel de Literatura em 1929. Sua obra explora tensões entre indivíduo e sociedade, razão e decadência. Entre seus livros mais conhecidos estão Os Buddenbrook, A Montanha Mágica, Doutor Fausto e A Morte em Veneza. Exilado durante o regime nazista, Mann tornou-se uma das principais vozes intelectuais alemãs fora do país. No Brasil, suas obras são publicadas principalmente pela Companhia das Letras. A editora Todavia também planeja lançar títulos do autor a partir de 2027.

Dale Carnegie (1888–1955)
Escritor e palestrante norte-americano, Dale Carnegie se tornou referência mundial em desenvolvimento pessoal e comunicação. Seu livro mais famoso, Como fazer amigos e influenciar pessoas, permanece como um dos maiores best-sellers do gênero. Suas obras abordam temas como liderança, oratória, relações humanas e gestão emocional, sempre com linguagem acessível e prática.

James Agee (1909–1955)
Jornalista, escritor, poeta e roteirista, James Agee ficou conhecido por unir literatura e reportagem. Seu livro Elogiemos os homens ilustres, escrito com o fotógrafo Walker Evans, retrata famílias de agricultores pobres durante a Grande Depressão nos Estados Unidos. Após sua morte, ganhou o Prêmio Pulitzer de Ficção com o romance Uma morte em família, obra autobiográfica marcada pela delicadeza narrativa.

Wallace Stevens (1879–1955)
Poeta central do modernismo em língua inglesa, Wallace Stevens investigou em sua obra a relação entre imaginação e realidade. Em 1955, ano de sua morte, recebeu o Prêmio Pulitzer de Poesia e o National Book Award. Entre seus livros mais importantes estão Harmonium e The Auroras of Autumn. No Brasil, parte de sua poesia é publicada pela Companhia das Letras.

Robert P. Tristram Coffin (1892–1955)
Poeta, editor e professor, Coffin teve sua obra fortemente ligada à paisagem e à cultura da Nova Inglaterra. Temas como natureza, memória e espiritualidade atravessam sua produção. Seu livro mais conhecido, Strange Holiness, rendeu-lhe o Prêmio Pulitzer de Poesia em 1936.