Zelensky diz que terá nova reunião com Trump em janeiro para avançar em acordo de paz
Presidente ucraniano afirma que negociações já cobrem quase todos os temas de segurança e prosperidade
DIPLOMACIA INTERNACIONALO presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou neste domingo (28) que voltará a se reunir com Donald Trump em janeiro para dar continuidade às negociações de um possível acordo de paz entre Ucrânia e Rússia. O encontro deve ocorrer novamente sob a mediação do ex-presidente dos Estados Unidos, que tem atuado como anfitrião das conversas iniciadas nos últimos dias.
Segundo Zelensky, a reunião realizada nesta tarde avançou de forma significativa. De acordo com ele, as equipes de negociação dos dois lados já discutiram cerca de 90% dos temas relacionados à segurança e a totalidade dos pontos que envolvem prosperidade e reconstrução econômica. A avaliação é de que o diálogo entrou em uma fase mais técnica e detalhada, embora ainda existam entraves importantes.
“Vamos nos encontrar de novo nas próximas semanas para finalizar pontos discutidos”, declarou Zelensky, ao destacar que a Ucrânia está pronta para a paz, desde que as condições garantam a soberania do país e a segurança da população.
O presidente ucraniano também informou que, além das conversas diretas com Trump, houve diálogo com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e com líderes europeus. Representantes da União Europeia (UE) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) participaram das discussões, o que, segundo Zelensky, reforça o caráter internacional do processo e a tentativa de buscar uma solução negociada com respaldo político mais amplo.
Referendo pode ser caminho - Durante a coletiva, Zelensky admitiu que pode recorrer a um referendo nacional para validar o plano de paz, que atualmente conta com cerca de 20 pontos. A possibilidade seria considerada caso o acordo gere forte impacto político ou social dentro do país.
“Se o plano de paz for muito difícil para nossa sociedade, então ela terá que aprová-lo”, afirmou o presidente, indicando que a decisão final pode passar diretamente pelo crivo da população ucraniana.
O uso de um referendo é visto como uma forma de dividir a responsabilidade política de um eventual acordo e, ao mesmo tempo, garantir legitimidade interna para decisões consideradas sensíveis, especialmente aquelas relacionadas a concessões territoriais ou mudanças no status de regiões em disputa.
Donbass segue como ponto sensível - Donald Trump reconheceu que a questão territorial é um dos principais obstáculos para a conclusão de um acordo. “Entre as coisas mais espinhosas para um acordo está o território que foi tomado”, disse o ex-presidente americano, em referência à região de Donbass, atualmente ocupada pela Rússia.
Zelensky reforçou que as equipes de negociação estão próximas de um entendimento sobre Donbass, mas ressaltou que a solução não será imediata. Segundo ele, não se trata de uma questão que possa ser resolvida “em uma semana ou em um mês”. Ainda assim, afirmou que a possibilidade de desmilitarização da região está na mesa de negociações.
A área de Donbass é considerada estratégica e, de acordo com a Constituição ucraniana, faz parte do território do país. Qualquer decisão sobre seu futuro tende a gerar forte repercussão política e social, tanto dentro da Ucrânia quanto no cenário internacional.
As declarações foram feitas durante uma coletiva de imprensa concedida por Zelensky e Trump em Mar-a-Lago, resort de luxo localizado em Palm Beach, na Flórida. O local tem sido utilizado por Trump como espaço para encontros políticos e articulações internacionais desde que deixou a Casa Branca.
A expectativa agora é que a próxima rodada de conversas, prevista para janeiro, ajude a esclarecer pontos ainda pendentes e indique se há condições reais para a formalização de um acordo de paz após meses de negociações complexas e marcadas por interesses divergentes.