Beatriz Tavares | 29 de dezembro de 2025 - 11h55

Calor de 40°C aumenta risco de morte de pets no verão

Com alerta vermelho de onda de calor em vigor, veterinários explicam por que cães e gatos sofrem mais e quais sinais exigem atendimento imediato

CALOR EXTREMO
Em dias de calor acima dos 40 °C, especialistas recomendam passeios apenas em horários frescos e atenção aos sinais de hipertermia em cães e gatos. - (Fotos: Ana Paula Fernandes)

Os últimos dias de 2025 têm sido marcados por temperaturas acima dos 40 °C em várias regiões do País, sob alerta vermelho de onda de calor emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

O bloqueio atmosférico que segura o ar quente sobre o Brasil não preocupa apenas a saúde humana: clínicas veterinárias, especialmente no Rio de Janeiro, relatam aumento expressivo no atendimento a cães e gatos com problemas causados pelo calor intenso.

A forma como os animais regulam a própria temperatura ajuda a explicar essa vulnerabilidade. Diferentemente das pessoas, que transpiram pela pele, cães e gatos fazem a troca de calor com o ambiente principalmente pela respiração.

“Os cães fazem a troca de calor do corpo com o ambiente principalmente pela respiração. Como eles têm essa dificuldade por conta do calor, acabam adquirindo hipertermia”, explica a médica veterinária Luiza Mahin, que atua há 13 anos no Instituto Veterinário Municipal Jorge Vaitsman, no Rio de Janeiro. Segundo ela, os casos são mais comuns entre animais de pequeno porte e braquicefálicos (de focinho achatado), como shih-tzu, bulldog, bulldog francês, yorkshire e pinscher. O veterinário Alexandre Antônio, formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), acrescenta à lista cães grandes e muito peludos, como golden retriever, samoieda e são-bernardo, além de gatos de raças como o persa.

Os especialistas alertam que os tutores precisam reconhecer rapidamente os sinais de hipertermia. Respiração muito ofegante, animal deitado por longos períodos buscando o piso frio, língua arroxeada, abdômen avermelhado, excesso de secreção nos olhos, dificuldade para caminhar e patinhas queimadas indicam que o quadro é grave.

“Os animais chegam arfando muito e com dificuldade para respirar. As línguas já estão um pouco arroxeadas, por conta da dificuldade da troca gasosa, do oxigênio”, relata Luiza. Antônio reforça que o quadro é uma emergência: “Jamais devem ser ignorados esses sinais, porque é uma condição que pode levar o animal a óbito. Se o tutor achar que é ‘só o calorzinho do verão’ e deixar passar, o animal pode vir a óbito em poucos minutos.”

Para reduzir os riscos, os veterinários recomendam ajustar a rotina durante a onda de calor. Os passeios devem ser feitos apenas nas primeiras horas da manhã, entre 6h e, no máximo, 8h, ou à noite, depois das 19h, evitando completamente o período entre 9h e 18h.

Dentro de casa, é importante manter o ambiente ventilado e oferecer formas extras de resfriamento: frutas congeladas, “gelinhos” de melancia, banana, sachê ou frango, tapetes e toalhas previamente congelados colocados no chão ou sob a caminha, além de panos úmidos com água fria nas axilas e região inguinal.

Uma recomendação é taxativa: nunca deixar o animal dentro do carro, nem “por cinco minutinhos”. “Já vi muitas tragédias por causa desse descuido. Em cinco ou dez minutos dentro do carro, o animal pode desenvolver hipertermia, desidratação severa e vir a óbito”, alerta Antônio. Ao primeiro sinal de mal-estar, a orientação é interromper qualquer atividade, resfriar o pet com cuidado e procurar atendimento veterinário de urgência.