Projeto valoriza saberes tradicionais e amplia ações de segurança alimentar em aldeias de Miranda
Mostra de Experiências reúne agentes indígenas de saúde e apresenta resultados de iniciativa voltada ao cuidado nutricional do povo Terena
INTERIORValorização dos saberes tradicionais e diálogo com conhecimento técnico foram apontados como estratégias centrais para ampliar a segurança alimentar nas comunidades indígenas de Miranda. Essa foi a principal conclusão da I Mostra de Experiências sobre Segurança Alimentar na Prática dos Agentes Indígenas de Saúde, realizada no município, que apresentou os resultados de um projeto desenvolvido ao longo de um ano junto ao povo Terena.
O encontro marcou o encerramento do projeto “Alimentando Tradições, Cultivando Saúde: Capacitação Terena no Cuidado Nutricional e Manejo da Obesidade”, iniciado em 2024 e concluído neste mês de dezembro, após ações realizadas durante 2025. A iniciativa teve como foco a qualificação dos Agentes Indígenas de Saúde (AIS) para a atenção nutricional e o cuidado da obesidade nos territórios indígenas.
A mostra reuniu agentes indígenas de saúde, profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) e instituições parceiras, funcionando como espaço de troca de experiências e debate sobre práticas de cuidado alimentar nas aldeias. Além de apresentar os resultados do projeto, o evento destacou o papel dos AIS como mediadores entre as políticas públicas de saúde e a cultura local.
A atividade foi promovida pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), por meio da Escola de Saúde Pública Dr. Jorge David Nasser e da Escola Técnica do SUS Professora Ena de Araújo Galvão, com apoio da Gerência de Alimentação e Nutrição e parceria da Associação Sul-Mato-Grossense de Nutrição (ASMAN).
Durante a programação, foram apresentados dois produtos desenvolvidos ao longo do projeto. O e-book “Resgatando os Saberes Tradicionais na Alimentação Indígena Terena” reúne receitas e práticas alimentares tradicionais, enquanto o documentário “Hîhi – Resgatando a Memória da Culinária Terena” registra conhecimentos transmitidos entre gerações, como o preparo do bolo de mandioca, elemento simbólico da cultura alimentar Terena.
Para o diretor da Escola Técnica do SUS, Newton Gonçalves de Figueiredo, a mostra representa um processo construído ao longo do ano com participação direta dos agentes indígenas. Segundo ele, as ações desenvolvidas já apresentam impacto na qualidade da alimentação e no cuidado em saúde nas comunidades, ao integrar práticas culturais e orientações técnicas.
A gerente de Pesquisa, Extensão e Inovação em Saúde da Escola de Saúde Pública, Inara Pereira da Cunha, explicou que o projeto utilizou curso a distância, oficinas presenciais e ações comunitárias, com metodologias voltadas à participação ativa dos envolvidos. De acordo com ela, os produtos apresentados surgiram a partir do olhar dos próprios participantes sobre o território e suas práticas alimentares.
Já o gerente de Alimentação e Nutrição da SES, Anderson Holsbach, destacou que o projeto dialoga com os desafios do estado, que registra altos índices de obesidade, carências nutricionais e abriga uma das maiores populações indígenas do país. Para ele, a iniciativa se alinha às diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição e às demandas específicas da população Terena.