Luiz Araújo | 27 de dezembro de 2025 - 08h25

Governo libera empréstimo de R$ 12 bilhões para reestruturar Correios

Com aval oficial, estatal poderá financiar capital de giro, investimentos, PDV, fechamento de agências e venda de imóveis para tentar reduzir rombo bilionário.

DIÁRIO OFICIAL
Trabalhadores dos Correios em MS cogitaram entrar em greve, mas acordo foi fechado e recusaram a paralisação - (Foto: A Crítica)

O governo federal oficializou neste sábado (27), no Diário Oficial da União, o extrato do empréstimo de R$ 12 bilhões aos Correios. Com a publicação, a estatal fica autorizada a avançar na captação dos recursos, peça central do plano de reestruturação da empresa, que acumula prejuízos bilionários desde 2022.

Segundo o documento, o dinheiro poderá ser usado tanto para capital de giro quanto para investimentos considerados estratégicos. Entre as destinações previstas estão o pagamento da comissão de estruturação da própria operação de crédito e outras despesas ligadas ao plano de reestruturação. O financiamento foi fechado com um consórcio formado por Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander, com prazo de pagamento de 15 anos e taxa de juros próxima à Selic, após um primeiro tentativa frustrada de aprovação no início de dezembro.

Os Correios atravessam uma crise financeira prolongada: apenas entre janeiro e setembro de 2025, o prejuízo acumulado passa de R$ 6 bilhões, e os déficits desde 2022 já superam R$ 10 bilhões. Para tentar reverter o quadro, o plano da estatal prevê, além do empréstimo, um programa de demissão voluntária com potencial desligamento de cerca de 15 mil funcionários entre 2026 e 2027, fechamento de agências e a venda de imóveis, com expectativa de arrecadar aproximadamente R$ 1,5 bilhão.

A operação tem aval do Tesouro Nacional desde pouco mais de uma semana e é tratada internamente como uma tentativa de “fôlego” para ajustar as contas da empresa. A sustentabilidade do negócio, porém, dependerá da combinação entre o corte de gastos, a reestruturação da rede de atendimento e a capacidade dos Correios de manter relevância num mercado cada vez mais disputado pela iniciativa privada.