Ex-diretor da PRF é preso no Paraguai ao tentar embarcar para El Salvador
Condenado pelo STF por participação na trama golpista de 2022, Silvinei Vasques foi detido em aeroporto após romper tornozeleira
JUSTIÇAO ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques foi detido na madrugada desta sexta-feira (26) no Paraguai, ao tentar embarcar em um voo com destino a El Salvador. A prisão ocorreu em um aeroporto do país vizinho e envolve o descumprimento de medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Vasques foi condenado pelo STF a 24 anos e seis meses de prisão por participação na trama golpista que buscou manter o então presidente Jair Bolsonaro no poder após a derrota eleitoral de 2022. Segundo a acusação, ele integrou um grupo que utilizou estruturas do Estado para interferir no processo democrático.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-diretor da PRF atuou diretamente na coordenação de ações policiais voltadas a dificultar o deslocamento de eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições presidenciais, realizado em 30 de outubro de 2022. A estratégia teria incluído a realização de blitzes em rodovias, especialmente em regiões onde Lula teve maior votação no primeiro turno.
A PGR também aponta que Vasques participou de uma reunião em 19 de outubro de 2022, na qual foi debatido o uso das operações da PRF com viés político. Nesse encontro, segundo a acusação, ele teria afirmado que “havia chegado a hora de a PRF tomar lado na disputa”, frase usada como um dos elementos centrais da denúncia.
O ex-diretor da PRF foi julgado no chamado Núcleo 2 da ação penal que investiga a tentativa de golpe. Durante a sessão da Primeira Turma do STF, realizada no último dia 9, a defesa sustentou que Vasques não ordenou ações para impedir o deslocamento de eleitores de Lula e negou qualquer interferência no processo eleitoral.
Preso preventivamente em agosto de 2023, Vasques permaneceu detido por cerca de um ano. Em seguida, o ministro Alexandre de Moraes concedeu liberdade provisória, condicionada ao cumprimento de medidas cautelares, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica e o cancelamento do passaporte.
Segundo informação divulgada pela jornalista Andréia Sadi, em reportagem publicada no site G1, Vasques teria deixado o Brasil sem autorização judicial após romper a tornozeleira eletrônica determinada pelo STF. Ainda conforme a reportagem, no momento da abordagem pelas autoridades paraguaias, ele portava um passaporte paraguaio original com dados pessoais falsos.
A Polícia Federal foi procurada, mas não comentou oficialmente as informações divulgadas pelo G1. A reportagem da Agência Brasil informou que não conseguiu contato com os advogados de Silvinei Vasques até o momento e que a notícia será atualizada assim que houver manifestação da defesa ou novos detalhes sobre a prisão.
O caso reforça o desdobramento internacional das investigações sobre a tentativa de ruptura institucional no Brasil após as eleições de 2022 e deve provocar novos encaminhamentos judiciais a partir da atuação conjunta entre autoridades brasileiras e paraguaias.