Morre Teuda Bara, fundadora do Grupo Galpão e referência do teatro brasileiro
Atriz morreu aos 84 anos em Belo Horizonte e deixa legado marcado por humor, versatilidade e ousadia artística
LUTOMorreu nesta quinta-feira, 25, aos 84 anos, em Belo Horizonte, a atriz Teuda Bara, uma das fundadoras do Grupo Galpão, companhia mineira que se tornou referência nacional nas artes cênicas. A morte foi confirmada pela assessoria do grupo por meio das redes sociais.
“A partida de Teuda representa uma perda imensurável para o Grupo Galpão, o teatro brasileiro e todos que tiveram o privilégio de conviver com ela”, diz a nota divulgada pela companhia. “Fica a profunda gratidão pela alegria, pela força e pela luz raríssima que Teuda espalhou ao longo de tantos anos de vida e criação. Dividir o caminho com ela foi um presente”, completa o texto.
Teuda faria 85 anos no próximo dia 1º de janeiro. Ela deixa dois filhos, André e Admar. O velório será realizado nesta sexta-feira, 26, a partir das 10h, no foyer do Palácio das Artes, na capital mineira.
A atriz estava internada desde o dia 14 de dezembro no Hospital Madre Teresa. Segundo informações do site g1, a morte foi causada por uma septicemia com falência múltipla de órgãos, quadro de infecção generalizada que se espalha pelo sangue e compromete diversas funções do organismo.
Ícone do teatro brasileiro, Teuda Bara esteve presente na maior parte dos espetáculos do Grupo Galpão desde a fundação da companhia, no início da década de 1980. Ao longo da carreira, ficou conhecida pela versatilidade, pelo domínio do humor e pela forte presença cênica, características que marcaram gerações de espectadores.
A atriz também construiu trajetória consistente na televisão e no cinema. Atuou em produções como a novela Meu Pedacinho de Chão (2014), dirigida por Luiz Fernando Carvalho, e na série de comédia A Vila (2017), ao lado de Paulo Gustavo. No cinema, participou de filmes como O Palhaço, de Selton Mello, La Playa D.C, de Juan Andrés Arango, As Duas Irenes, de Fábio Meira, e Órfãs da Rainha, de Elza Cataldo.
Com forte influência do circo em sua formação, Teuda incorporou técnicas circenses aos seus personagens e ajudou a consolidar uma linguagem própria do Grupo Galpão, que levou o teatro para praças, ruas e palcos tradicionais, no Brasil e no exterior.
O teatro esteve presente em sua vida até os últimos dias. Ainda em dezembro, nos dias 13 e 14, ela apresentaria o espetáculo Doida no teatro de bolso do Sesc Palladium, em Belo Horizonte. Na segunda noite de apresentação, precisou ser internada, interrompendo a temporada.
Nascida em Belo Horizonte, em 1941, Teuda iniciou sua relação com o teatro aos 30 anos, quando cursava Ciências Sociais na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Participou de experiências de teatro-jornal com o Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, antes de abandonar o curso para se dedicar integralmente às artes cênicas.
Ela trabalhou com o diretor Eid Ribeiro, passou uma temporada em São Paulo e, posteriormente, retornou a Minas Gerais, onde se tornaria um dos pilares do Grupo Galpão. Sua trajetória é lembrada não apenas pelos trabalhos marcantes, mas também pela generosidade artística e pela coragem de experimentar novas formas de expressão.