A repostagem feita pelo presidente da Argentina, Javier Milei, de uma publicação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) deu novo fôlego a aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentam manter em pé a pré-candidatura do parlamentar ao Palácio do Planalto. A movimentação ocorre após a divulgação de uma carta assinada por Bolsonaro indicando o filho como seu candidato à Presidência da República.

O documento foi lido por Flávio no Hospital DF Star, em Brasília, pouco antes de Jair Bolsonaro passar por uma cirurgia para tratar uma hérnia inguinal bilateral. A carta rapidamente circulou entre apoiadores do ex-presidente e foi citada por parlamentares e influenciadores ligados ao bolsonarismo.

Apesar da repercussão nas redes sociais, o gesto não encontrou eco significativo fora do círculo mais fiel de Bolsonaro. Outros setores da direita e do Centrão seguem cautelosos e não se manifestaram publicamente em apoio à pré-candidatura de Flávio.

A repostagem de Milei, no entanto, mobilizou bolsonaristas. Na mensagem compartilhada pelo presidente argentino, Flávio afirmou ter recebido a carta do pai com emoção. “Recebi com muita emoção a carta do meu pai, que carrega fé, confiança e responsabilidade. O desafio é grande, mas com sua bênção e a proteção de Deus, seguiremos no caminho certo pelo Brasil”, escreveu o senador.

Em outra publicação, ao republicar um post do jornalista e influenciador Eduardo Menoni, Flávio adotou um discurso mais ideológico e escreveu em espanhol: “Vamos libertar o Brasil e toda a América do Sul. Socialismo nunca mais! Basta!”.

A carta de Jair Bolsonaro foi escrita antes de ele ser levado ao centro cirúrgico. No texto, o ex-presidente afirma: “Entrego o que há de mais importante na vida de um pai, o próprio filho, para a missão de resgatar o nosso Brasil”. A declaração utiliza uma linguagem que remete a passagens bíblicas, frequentemente exploradas pelo bolsonarismo em discursos públicos.

O deputado cassado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) comemorou a manifestação de Milei. “Vamossssss!!!! Gracias, Milei”, escreveu, usando bandeiras do Brasil e da Argentina. Já o deputado Mário Frias (PL-SP) afirmou que Flávio assume uma missão política. “Flávio recebe não um cargo, mas uma missão: carregar a voz de milhões, sustentar valores, honrar uma história escrita sob perseguição e coragem”, publicou.

O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), também declarou apoio, mesmo em meio ao racha existente na direita sobre a sucessão presidencial de 2026. “Conte comigo, Pr Bolsonaro! Vamos lutar juntos para resgatar e reconstruir o Brasil com Flávio presidente”, escreveu.

Jair Bolsonaro passou por uma cirurgia de aproximadamente quatro horas, decorrente de complicações ligadas à facada sofrida durante a campanha de 2018. Segundo boletim médico divulgado pelo Hospital DF Star, o procedimento ocorreu sem intercorrências.

Condenado por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente deve permanecer internado entre cinco e sete dias e pode passar por um novo procedimento na próxima semana para tratar episódios persistentes de soluço.