Papa Leão XIV prega acolhimento de pobres, crianças e imigrantes em Missa do Galo no Vaticano
Pontífice também critica guerras, lamenta suicídio assistido nos EUA e relembra mensagem de Bento XVI durante celebração natalina
PAPA LEÃO XIVNa primeira Missa do Galo celebrada como líder da Igreja Católica, o papa Leão XIV destacou a importância do acolhimento de pobres, crianças e estrangeiros. A cerimônia, realizada na noite de terça-feira (24), na Basílica de São Pedro, no Vaticano, foi marcada por mensagens de compaixão, defesa dos vulneráveis e críticas a políticas excludentes.
Durante a homilia, o pontífice retomou palavras do papa emérito Bento XVI, proferidas em 2012, para reforçar a necessidade de abrir espaço para o próximo. “Na Terra, não há espaço para Deus se não há espaço para o homem. Não acolher um significa não acolher o outro”, disse.
Em um discurso carregado de simbolismos e crítica social, Leão XIV associou o nascimento de Jesus à valorização da dignidade humana. “Enquanto uma economia distorcida trata homens como mercadoria, Deus se faz semelhante a nós, revelando a infinita dignidade de cada pessoa".
Sem citar diretamente líderes políticos, o papa fez referência ao atual cenário internacional. "Enquanto o homem quer tornar-se Deus para dominar o próximo, Deus quer tornar-se homem para nos libertar de toda a escravidão", afirmou.
A celebração natalina ocorre dias após o pontífice aceitar a renúncia do arcebispo conservador Timothy Dolan, da arquidiocese de Nova York. Em seu lugar, nomeou um bispo conhecido por defender imigrantes, movimento interpretado como resposta direta às políticas anti-imigração do ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
Leão XIV já havia demonstrado apoio a uma rara declaração dos bispos católicos dos EUA que criticava duramente medidas de “tolerância zero” contra imigrantes.
Na véspera do Natal, o papa voltou a pedir um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia. “Faço mais uma vez este pedido a todas as pessoas de boa vontade para que respeitem, ao menos na festa do nascimento do Salvador, um dia de paz.”
O líder da Igreja também mencionou o conflito no Oriente Médio e citou a recente visita do cardeal Pierbattista Pizzaballa à Faixa de Gaza como gesto de esperança.
Ao responder perguntas de jornalistas nesta semana, Leão XIV criticou a nova legislação do Estado de Illinois, nos Estados Unidos, que legaliza o suicídio assistido para adultos com doenças terminais a partir de 2026. Ele se disse “muito decepcionado” com a decisão e afirmou ter expressado essa posição ao governador JB Pritzker em encontro no Vaticano.
“Fomos muito claros quanto à necessidade de respeitar a sacralidade da vida, do início ao fim. Infelizmente, ele decidiu sancionar o projeto de lei”, lamentou.
Encerrando a celebração, o papa definiu o Natal como a “festa da fé, da caridade e da esperança”. Ele ressaltou que, diante da dor e da opressão no mundo, Deus envia não uma ideia, mas um bebê, como sinal de luz e esperança. “Ele acende uma luz suave que ilumina para a salvação todos os filhos deste mundo".