Redação O Estado de S. Paulo | 24 de dezembro de 2025 - 18h30

Deputado Sóstenes diz que dinheiro apreendido pela PF veio da venda de imóvel em MG

Polícia Federal investiga esquema de desvio de verba parlamentar que teria movimentado milhões; parlamentar apresentou escritura e IR como prova

POLÍTICA
Deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). - (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

Alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga desvio de verbas da cota parlamentar, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) publicou vídeo nas redes sociais, nesta quarta-feira (24), no qual explica a origem dos cerca de R$ 470 mil em espécie encontrados em seu apartamento, em Brasília.

Segundo o parlamentar, o valor é fruto da venda de um imóvel de sua propriedade localizado em Ituiutaba, cidade no Triângulo Mineiro. Ele apresentou escritura da casa e mencionou que o bem estava declarado no seu imposto de renda de 2024, avaliado em R$ 310 mil.

Sóstenes informou que a venda foi concluída por R$ 500 mil, pagos integralmente em dinheiro. A negociação teria ocorrido uma semana antes da ação da PF. O deputado também exibiu no vídeo um anúncio da casa, em que o imóvel estava sendo ofertado por R$ 690 mil.

“Tudo conforme a lei, nada ilegal”, afirmou. Ele ainda se disse confiante de que o montante será devolvido após esclarecimentos à Polícia Federal e ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino. “O dinheiro é de fonte lícita e transparente”, garantiu.

A operação que levou à apreensão do dinheiro apura o uso indevido da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap), benefício que cobre gastos relacionados ao mandato. Segundo a PF, servidores comissionados, agentes públicos e empresários estariam envolvidos em um esquema de desvio por meio de contratos com uma locadora de veículos que seria usada como fachada para devolução de dinheiro público.

O nome de Carlos Jordy (PL-RJ) também aparece na investigação. No caso de Sóstenes, a PF aponta que um assessor do parlamentar movimentou R$ 11 milhões em créditos e R$ 11 milhões em débitos. Esse assessor seria, segundo os investigadores, peça-chave no esquema. O deputado, no entanto, não comentou a atuação do servidor em sua publicação.

Criada em 2009, a Ceap unifica recursos usados para atividades parlamentares, como passagens aéreas, alimentação, aluguel de veículos, combustível, aluguel de escritório e serviços postais. Cada parlamentar tem um valor mensal disponível, definido conforme o estado de origem.