24 de dezembro de 2025 - 12h45

Salário mínimo sobe para R$ 1.621 em 2026

Reajuste de 6,8% passa a valer em 1º de janeiro; Dieese calcula que valor necessário para família de quatro pessoas seria de R$ 7.067,18

AUMENTO
Nova tarifa de energia elétrica atende famílias com renda de até meio salário mínimo - (Foto: Reprodução)

O salário mínimo no Brasil será de R$ 1.621 a partir de 1º de janeiro de 2026. O novo valor, publicado nesta quarta-feira (24) no Diário Oficial da União pelo governo federal, representa um aumento de 6,8% em relação ao piso atual, de R$ 1.518, o que equivale a pouco mais de R$ 100 a mais no bolso de quem recebe o mínimo.

O reajuste segue a regra em vigor, que determina a correção anual com base na inflação acumulada em 12 meses até novembro, medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), somada ao crescimento da economia brasileira de dois anos antes – neste caso, o desempenho de 2024. Esse aumento real, porém, é limitado a 2,5% ao ano por causa do teto de gastos.

Com isso, o salário mínimo volta a ter ganho acima da inflação, ao contrário do que ocorreu nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, quando o reajuste era feito apenas para repor a alta de preços.

Salário mínimo e poder de compra - O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) avalia que a política restrita à recomposição inflacionária, adotada anteriormente, teve impacto negativo sobre o poder de compra, principalmente em períodos de inflação mais alta.

Em nota técnica, o órgão destacou que, enquanto “os preços avançavam continuamente, a recomposição salarial ocorria apenas uma vez, no reajuste anual, fazendo com que o salário mínimo real se deteriorasse”. Na prática, isso significa que, ao longo do ano, os gastos do dia a dia subiam, mas o salário ficava congelado até o próximo reajuste.

O Dieese lembra ainda que, entre 2020 e 2022, apenas repor a inflação não foi suficiente para compensar o peso da alta dos alimentos, que subiram acima da média e afetaram com mais força as famílias de menor renda, que gastam a maior parte do orçamento com itens básicos.

Quanto o mínimo deveria ser, segundo o Dieese - A Constituição Federal estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para atender às necessidades vitais básicas do trabalhador e de sua família, como moradia, alimentação, saúde, lazer, higiene e transporte.

Com base nesse princípio, o Dieese calcula mensalmente qual deveria ser o valor ideal do salário mínimo para uma família de quatro pessoas. Em novembro de 2025, segundo o órgão, esse valor seria de R$ 7.067,18 – o equivalente a 4,3 vezes o piso nacional que passará a vigorar em janeiro de 2026.

A comparação evidencia a distância entre o salário mínimo oficial e o que o Dieese considera adequado para cobrir, de fato, os custos básicos de uma família brasileira.

Impacto na economia e número de beneficiados - O salário mínimo serve de referência para o pagamento de trabalhadores com carteira assinada, aposentados e pensionistas que recebem o piso, além de diversos benefícios sociais.

De acordo com o Dieese, cerca de 62 milhões de brasileiros têm renda diretamente vinculada ao salário mínimo. Isso inclui não apenas quem recebe exatamente o piso, mas também quem tem benefícios e remunerações calculados com base nele.

Com o reajuste para R$ 1.621, a estimativa é de que haja um incremento de R$ 81,7 bilhões na economia. Esse montante corresponde ao dinheiro extra que será injetado no consumo ao longo de 2026, à medida que o novo valor começa a ser pago em todo o país.

Esse impacto é considerado relevante porque o salário mínimo é a base da renda de grande parte da população de baixa renda. Qualquer aumento, mesmo modesto, tende a ser rapidamente direcionado para gastos essenciais, movimentando setores como alimentação, transporte, moradia e serviços.

Embora o reajuste garantido pela regra atual assegure algum ganho real, a própria comparação feita pelo Dieese mostra que o novo valor ainda está distante do que seria considerado ideal para cobrir todas as necessidades previstas na Constituição. Ainda assim, para milhões de trabalhadores e beneficiários, o aumento de pouco mais de R$ 100 representa uma diferença concreta no orçamento mensal.