Weslley Galzo | 24 de dezembro de 2025 - 13h35

Toffoli marca acareação entre banqueiro, ex-dirigente do BRB e diretor do BC

Confronto de versões ocorre na terça-feira e apura divergências sobre tentativa de venda do Banco Master

POLÍTICA
Ministro Dias Toffoli determinou acareação entre dirigentes do setor financeiro no âmbito da investigação sobre o Banco Master. - (Foto: Andressa Anholete/STF)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli determinou a realização de uma acareação entre o presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, e o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino Santos. O confronto de versões está marcado para a próxima terça-feira, dia 30, e integra a investigação sobre irregularidades envolvendo o sistema financeiro e a tentativa de venda do Master.

A decisão foi tomada por iniciativa do próprio ministro, sem solicitação da Polícia Federal. A acareação poderá ocorrer de forma virtual, uma vez que Daniel Vorcaro cumpre mandado de prisão domiciliar em São Paulo.

O objetivo é esclarecer pontos contraditórios nos depoimentos prestados até agora, especialmente sobre o papel do Banco Central na análise da operação que previa a venda de parte das ações do Master ao BRB. Conforme já revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, Ailton de Aquino Santos era o integrante da diretoria do BC mais favorável à transação, enquanto o então diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, Renato Dias Gomes, se posicionava de forma contrária.

A negociação começou no fim de março, quando o BRB apresentou proposta para adquirir uma fatia do capital do Banco Master. A operação, no entanto, foi vetada pela cúpula do Banco Central em setembro. Pouco tempo depois, em novembro, a autoridade monetária decretou a liquidação da instituição financeira.

Na ocasião, o Banco Central e a Polícia Federal apontaram indícios de fraudes que somariam R$ 12,2 bilhões, valor que passou a nortear a apuração criminal conduzida pelas autoridades. A investigação também passou a examinar tentativas paralelas de venda do Master, incluindo negociações com o grupo Fictor.

Na última quinta-feira, dia 18, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, declarou estar à disposição do Supremo Tribunal Federal para prestar esclarecimentos. Segundo ele, todo o processo de análise que resultou na liquidação do banco foi devidamente documentado. Galípolo afirmou ainda que o BC se comprometeu a encaminhar essas informações ao STF para auxiliar as investigações.

Dias Toffoli já havia determinado anteriormente a oitiva de investigados e de dirigentes do Banco Central, mas esta será a primeira acareação formal entre personagens centrais do caso. A medida indica um avanço na apuração, ao colocar frente a frente versões divergentes sobre decisões que culminaram na liquidação da instituição financeira.

A investigação tramita sob sigilo, conforme determinação do ministro, tanto no que se refere às fraudes atribuídas ao Banco Master quanto às tratativas envolvendo sua possível venda ao BRB e a outros grupos. A expectativa é de que a acareação ajude a esclarecer responsabilidades e eventuais falhas institucionais no processo.