Carlos Guilherme, Douglas Vieira e Alisson Lacerda | 23 de dezembro de 2025 - 17h10

Bazar do Bem lota hospital e ajuda a trazer radioterapia de última geração a MS

Ação do Hospital de Câncer Alfredo Abrão usa produtos da Receita Federal para financiar sala que vai receber novo acelerador linear

AÇÃO SOCIAL
Movimento intenso no Bazar do Bem do Hospital de Câncer Alfredo Abrão; vendas vão ajudar a financiar a nova sala de radioterapia em Campo Grande. - (Fotos: Alisson Lacerda)

Quem passou em frente ao Hospital de Câncer Alfredo Abrão, na Rua Marechal Rondon, e viu o estacionamento lotado nesta terça-feira (23), não encontrou fila de paciente, mas de gente querendo ajudar.

Das 8h às 18h, o 'Bazar do Bem – Solidariedade que Salva Vidas' atraiu um público grande em busca de perfumes, roupas, eletrônicos e celulares com preço abaixo do mercado, e com um destino certo para as obras do bunker que vai receber o novo equipamento de radioterapia do hospital.

Ao todo, foram colocados à venda quase 20 mil itens novos, fruto de doações da Receita Federal de Ponta Porã, por meio do Programa Cidadania Fiscal.

“A Receita estimou esse lote em cerca de R$ 1,2 milhão, mas nossa expectativa é chegar perto de R$ 1,8 milhão a R$ 2 milhões. O valor será usado na construção da sala especial onde ficará o novo acelerador linear, já em fabricação na Europa. Só o bunker está orçado em R$ 3,5 milhões, com paredes de até 1,80 m de espessura para segurar a radiação”, explicou o administrador do HCAA, Amilton Fernandes Alvarenga.

Administrador do Hospital de Câncer Alfredo Abrão, Amilton Fernandes Alvarenga, explica que o valor arrecadado com o Bazar do Bem será usado na construção da sala que vai receber o novo equipamento de radioterapia. (Foto: Alisson Lacerda)

O aparelho de radioterapia, que custa cerca de R$ 9,3 milhões, já está pago, parte com recursos do Ministério da Saúde e parte com verba do primeiro bazar feito com produtos da Receita. Hoje, o hospital trata cerca de 95 a 100 pacientes por dia em um equipamento mais antigo, com cerca de 15 anos de uso. A chegada do novo modelo deve ampliar o atendimento e encurtar o tempo de tratamento.

“Esse acelerador é mais preciso, atinge o tumor sem agredir tanto as áreas sadias. Com isso, podemos aumentar a dose, reduzir o número de sessões e encurtar tratamentos que levavam 35 dias para algo em torno de 10 a 15 dias”, detalhou Amilton. Ele lembrou que 72% dos pacientes oncológicos do Estado são atendidos no hospital e muitos vêm do interior, o que torna a redução de dias de estadia em Campo Grande um alívio também para as famílias.

Espaço onde será instalado o novo acelerador linear de radioterapia no Hospital de Câncer Alfredo Abrão. O bunker terá paredes de até 1,80 metro de espessura para garantir segurança contra a radiação. - (Foto: Alisson Lacerda)
O professor Rodrigo Sanabria foi um dos primeiros a chegar ao bazar. Ele contou que decidiu participar para unir economia e solidariedade: “É bom comprar sabendo que o dinheiro vai salvar vidas”. - (Foto: Alisson Lacerda)

O professor Rodrigo Sanabria aproveitou o bazar para unir economia e solidariedade. “Vim porque vi a reportagem, estamos perto do Natal e quis ajudar. Já garanti presentes para a família. Os preços são bons e ainda sei que o dinheiro vai para uma causa importante”, contou.

A assistente social Dina Duarte, paciente do hospital, reforçou o vínculo com a instituição. “Vim primeiro pela causa. O atendimento aqui é maravilhoso, muito humano. Se posso colaborar de alguma forma, vou colaborar”, disse, enquanto escolhia presentes.

Referência no atendimento oncológico em Mato Grosso do Sul, o Hospital de Câncer Alfredo Abrão realiza cerca de 99% dos atendimentos de pacientes pelo SUS.