Bruno Accorsi | 23 de dezembro de 2025 - 15h25

Corinthians usa prêmio da Copa do Brasil para pagar dívidas e evitar novo transfer ban

Paraguaio abre mão de juros da Fifa, clube usa prêmio da Copa do Brasil para pagar dívidas e mira corte de custos em 2026

MERCADO DA BOLA
O meia paraguaio Matías Rojas - (Foto: Reprodução)

O Corinthians costurou um acordo com o meia paraguaio Matías Rojas e deu um passo importante para reduzir o risco de sofrer um novo transfer ban da Fifa. O jogador aceitou abrir mão dos juros acrescidos ao valor que tem a receber do clube, mantendo a dívida em R$ 41,2 milhões, que será paga em duas parcelas nas duas últimas semanas de 2025.

O acerto foi revelado inicialmente pelo GE e confirmado pelo Estadão. Com o entendimento, o clube respira um pouco em meio à pressão por regularizar pendências financeiras ligadas a punições na entidade máxima do futebol.

Ao chegar a um acordo com Rojas, a diretoria corintiana fica mais perto de eliminar a possibilidade de um novo transfer ban. Ainda assim, caso não cumpra o pagamento nas condições estabelecidas, o clube volta à estaca zero e pode agravar a punição que já está em vigor.

O Corinthians cumpre atualmente sanção da Fifa por dever R$ 33,4 milhões ao Santos Laguna, do México, pela compra do zagueiro Félix Torres. O valor não inclui juros nem multas.

Por isso, a prioridade da diretoria tem sido atacar justamente as pendências ligadas ao transfer ban e ao risco de novas punições. A estratégia passa pelo uso de parte dos R$ 77 milhões recebidos pela conquista da Copa do Brasil.

De acordo com o planejamento apresentado, uma fatia do prêmio da Copa do Brasil será direcionada ao pagamento de Matías Rojas. Outra parte deve compor o acerto com o Santos Laguna, somada a recursos de empréstimo e ao adiantamento de direitos de TV obtidos junto à Liga Futebol Forte (LFU).

O presidente Osmar Stábile também afirmou que a premiação será usada para quitar bônus atrasados do elenco por metas esportivas alcançadas. A ideia é, ao mesmo tempo, aliviar passivos com jogadores e atacar dívidas que já resultaram em punições esportivas.

Três dias antes da final da Copa do Brasil, o clube divulgou um balancete indicando déficit de R$ 204,2 milhões até outubro. Apesar do rombo, a previsão orçamentária para 2026, aprovada pelo Conselho Deliberativo no início da semana, projeta virada de chave nas contas: superávit de R$ 12 milhões e Ebitda de R$ 320 milhões.

A classificação para a Libertadores não muda o plano de enxugar gastos. Mesmo com calendário mais pesado e maior visibilidade, o Corinthians prevê redução de custos na área do futebol.

A diretoria planeja baixar de R$ 435 milhões para R$ 354 milhões, uma queda de R$ 81 milhões, os gastos com folha do futebol – que incluem direitos de imagem, encargos e benefícios. Somando outras despesas, como serviços e custos de jogos, o corte total no departamento deve chegar a R$ 90 milhões.

No conjunto da folha de pagamento do clube (incluindo outros setores além do futebol), a redução projetada segue a mesma linha: queda de R$ 505 milhões para R$ 410 milhões.

Em busca desse enxugamento, Stábile tem mirado cortes no clube social. Em meio ao debate interno, chegou a cogitar o fim de modalidades como o futsal, mas recuou após forte repercussão negativa entre torcedores e conselheiros.

Para reforçar o caixa, o Corinthians estabeleceu meta de arrecadar R$ 151 milhões com a venda de jogadores em 2026. Alguns jovens da base, como o meia Breno Bidon e o atacante Gui Negão, já são observados por clubes europeus e podem entrar nessa lista de negociações.

No elenco principal, o goleiro Hugo Souza e o atacante Yuri Alberto também podem receber propostas de times do exterior. O clube conta com eventuais transferências para equilibrar o orçamento e manter o plano de redução de custos sem comprometer demais a competitividade em campo.

Há ainda dúvidas sobre a permanência do executivo de futebol Fabinho Soldado, que interessa ao Internacional. Qualquer mudança na estrutura de gestão esportiva pode impactar a condução do planejamento traçado para 2026.

Com o acordo com Matías Rojas encaminhado e o uso do prêmio da Copa do Brasil direcionado para dívidas e premiações, o Corinthians tenta, ao mesmo tempo, afastar novos bloqueios da Fifa, reorganizar as contas e manter o elenco competitivo para a próxima temporada.