Chuvas abaixo da média preocupam setor elétrico e podem afetar energia em 2026
ONS prevê janeiro com volume de água reduzido nos reservatórios das principais hidrelétricas do País.
ESTIAGEMO início de 2026 deve ser de atenção no setor elétrico brasileiro. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê que o volume de água que chegará aos reservatórios das hidrelétricas em janeiro ficará abaixo da média histórica em todo o país, especialmente nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, que concentram as principais usinas do sistema nacional. A redução está ligada à diminuição das chuvas na região central do Brasil, o que afeta diretamente bacias importantes como as dos rios Tietê, Grande, Paranapanema, Tocantins e São Francisco.
De acordo com os dados do ONS, a chamada Energia Natural Afluente (ENA), que mede o potencial de geração de energia com base no volume de água que chega aos reservatórios, deve atingir 83% da média de longo prazo no Sudeste/Centro-Oeste, 55% no Nordeste, 75% no Sul e 85% no Norte. Embora o desempenho do Sul e do Norte esteja mais próximo da normalidade, o cenário nas demais regiões acende o alerta. Em dezembro, as afluências já haviam ficado entre as piores da série histórica, com apenas 72% da média no Sudeste/Centro-Oeste e 43% no Nordeste.
A preocupação do setor é que níveis baixos de armazenamento nas barragens podem elevar o custo da energia, já que o governo tende a acionar as usinas termelétricas, que possuem geração mais cara e poluente. Apesar disso, o ONS projeta recuperação gradual dos reservatórios em janeiro: o armazenamento no Sudeste/Centro-Oeste deve subir de 43,7% para 53,5%, enquanto no Nordeste deve avançar de 45,3% para 55,4%. Já o Sul deve registrar queda, de 77% para 64,3%, reflexo das condições locais e da estratégia de operação da região.
As projeções também indicam que fevereiro seguirá com chuvas irregulares, mantendo as afluências abaixo da média em grande parte do país. A tendência preocupa o ONS, já que os meses de janeiro a abril são decisivos para o reabastecimento dos reservatórios e a garantia do suprimento energético durante o período seco, que começa em maio. Caso as chuvas não se normalizem, o cenário pode pressionar os custos de geração e exigir novas medidas de controle no sistema.