Luciana Collet | 23 de dezembro de 2025 - 15h15

Chuvas abaixo da média preocupam setor elétrico e podem afetar energia em 2026

ONS prevê janeiro com volume de água reduzido nos reservatórios das principais hidrelétricas do País.

ESTIAGEM
Tempo nublado em Campo Grande - (Foto: Arquivo)

O início de 2026 deve ser de atenção no setor elétrico brasileiro. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê que o volume de água que chegará aos reservatórios das hidrelétricas em janeiro ficará abaixo da média histórica em todo o país, especialmente nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, que concentram as principais usinas do sistema nacional. A redução está ligada à diminuição das chuvas na região central do Brasil, o que afeta diretamente bacias importantes como as dos rios Tietê, Grande, Paranapanema, Tocantins e São Francisco.

De acordo com os dados do ONS, a chamada Energia Natural Afluente (ENA), que mede o potencial de geração de energia com base no volume de água que chega aos reservatórios, deve atingir 83% da média de longo prazo no Sudeste/Centro-Oeste, 55% no Nordeste, 75% no Sul e 85% no Norte. Embora o desempenho do Sul e do Norte esteja mais próximo da normalidade, o cenário nas demais regiões acende o alerta. Em dezembro, as afluências já haviam ficado entre as piores da série histórica, com apenas 72% da média no Sudeste/Centro-Oeste e 43% no Nordeste.

A preocupação do setor é que níveis baixos de armazenamento nas barragens podem elevar o custo da energia, já que o governo tende a acionar as usinas termelétricas, que possuem geração mais cara e poluente. Apesar disso, o ONS projeta recuperação gradual dos reservatórios em janeiro: o armazenamento no Sudeste/Centro-Oeste deve subir de 43,7% para 53,5%, enquanto no Nordeste deve avançar de 45,3% para 55,4%. Já o Sul deve registrar queda, de 77% para 64,3%, reflexo das condições locais e da estratégia de operação da região.

As projeções também indicam que fevereiro seguirá com chuvas irregulares, mantendo as afluências abaixo da média em grande parte do país. A tendência preocupa o ONS, já que os meses de janeiro a abril são decisivos para o reabastecimento dos reservatórios e a garantia do suprimento energético durante o período seco, que começa em maio. Caso as chuvas não se normalizem, o cenário pode pressionar os custos de geração e exigir novas medidas de controle no sistema.