Dólar se aproxima de R$ 5,60 em dia de turbulência e remessas ao exterior
Alta da moeda reflete envio de lucros e dividendos antes de mudança na tributação; Ibovespa recua levemente
ECONOMIAEm um dia marcado por maior volatilidade no mercado financeiro, o dólar voltou a ganhar força e encerrou esta segunda-feira (22) próximo de R$ 5,60, pressionado principalmente pelo aumento das remessas de lucros e dividendos de empresas brasileiras ao exterior. A bolsa de valores teve leve queda, em movimento contrário ao observado nos mercados internacionais, que fecharam em alta.
O dólar comercial fechou o dia vendido a R$ 5,584, com valorização de R$ 0,055, o equivalente a alta de 0,99%. A moeda chegou a registrar queda nos primeiros minutos de negociação, mas inverteu o sinal após a abertura dos mercados nos Estados Unidos, quando o fluxo cambial se intensificou.
Com o avanço desta segunda-feira, o dólar alcançou o maior patamar desde 31 de julho, quando era negociado a R$ 5,60. No acumulado de dezembro, a moeda norte-americana já sobe 4,67%. No entanto, no balanço de 2025, ainda registra queda de 9,64%.
O mercado acionário também operou sob pressão. O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou o pregão aos 158.142 pontos, com recuo de 0,21%. A queda interrompeu uma sequência de duas altas consecutivas e ocorreu em um ambiente de menor liquidez, típico do fim de ano.
Mesmo com fatores considerados positivos no cenário doméstico, como a aprovação do Orçamento de 2026 pelo Congresso Nacional e a arrecadação recorde do governo federal em novembro, o câmbio foi impactado pelo movimento das empresas para antecipar o envio de recursos ao exterior.
A partir de 1º de janeiro, as remessas internacionais passarão a ser tributadas em 10% de Imposto de Renda. A nova regra também prevê a cobrança de IR sobre o envio de dividendos acima de R$ 50 mil por mês. Diante disso, grandes companhias têm aproveitado os últimos dias de vigência da legislação atual, que garante isenção, para realizar essas transferências.
Na bolsa, além do impacto do câmbio, o avanço dos juros futuros contribuiu para pressionar as ações da maioria das empresas. A ausência de sinalizações claras sobre quando o Banco Central poderá iniciar o ciclo de cortes da taxa Selic — se em janeiro ou apenas em março — mantém os contratos de juros em alta.