Luciana Collet | 22 de dezembro de 2025 - 17h40

ONS avalia corte de geração de usinas menores no Natal por excesso de oferta de energia

Medida pode atingir PCHs, solares e eólicas ligadas às distribuidoras; decisão sai no dia 24

SETOR ELÉTRICO
ONS avalia corte temporário de geração de usinas menores no Natal para manter o equilíbrio do sistema elétrico - (Foto: Divulgação)

Excesso de oferta de energia elétrica pode levar o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a adotar medidas excepcionais no dia de Natal, 25 de dezembro. O órgão avalia a possibilidade de solicitar às distribuidoras o corte temporário da geração de usinas conectadas diretamente às redes locais, como Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), usinas a biomassa, eólicas e solares de pequeno porte.

Técnicos do ONS indicaram um “sinal amarelo”, classificado como estado de atenção, para o possível acionamento do Plano Emergencial de Gestão de Excedentes de Energia na Rede de Distribuição. A confirmação sobre a adoção da medida será feita apenas no dia 24.

O plano foi estruturado nos últimos meses como uma alternativa adicional para garantir a segurança da operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) em cenários de baixa demanda e elevada geração renovável. A iniciativa prevê o corte de geração nas redes de distribuição apenas quando se esgotarem as opções de ajuste junto às grandes usinas centralizadas, como hidrelétricas, eólicas e solares de maior porte.

Experiência recente acendeu alerta
A preocupação ganhou força após o episódio de 10 de agosto, Dia dos Pais, quando o ONS enfrentou uma combinação de consumo muito baixo e forte geração renovável. Na ocasião, a oferta superou amplamente a demanda, especialmente no horário de maior produção solar, exigindo intervenções severas. Entre 13h e 13h30, o operador precisou reduzir a geração hidráulica e cortar 98,5% da produção eólica e solar centralizada para manter o equilíbrio do sistema.

Desde então, o foco passou a ser o comportamento da carga durante feriados prolongados e festas de fim de ano. Nesse período, a atividade industrial costuma cair com férias coletivas, enquanto a geração solar e eólica segue elevada, dependendo das condições naturais.

Atualmente, o ONS considera maior risco de acionamento do plano apenas no dia 25. Para os dias 24, 26 e 28, o cenário é considerado de baixo risco, com sinal verde. A semana do Ano-Novo também seguirá sob monitoramento.

Ajustes na operação das hidrelétricas
Paralelamente, o ONS informou que tem adotado uma política operativa para aumentar a flexibilidade do sistema. Entre as medidas, está a redução da defluência da usina de Jupiá, diminuindo a inflexibilidade da geração hidráulica, e o rebaixamento do reservatório de Pimental, em Belo Monte, para limitar a oferta de energia no período do Natal.

Carga de energia cresce em janeiro
Durante reunião do Programa Mensal de Operação (PMO), o ONS informou que a carga de energia elétrica no Brasil deve atingir 84.582 megawatts médios (MWmed) em janeiro de 2026, crescimento de 1,6% em relação ao mesmo mês de 2025. A projeção está alinhada ao Planejamento Anual da Operação Energética (PLAN) 2026-2030, sem mudanças de premissas.

No Sudeste/Centro-Oeste, a carga deve chegar a 46.612 MWmed, queda de 1,1%, refletindo a previsão de temperaturas menos elevadas. No Sul, o consumo deve ficar praticamente estável, em 15.097 MWmed. Já o Nordeste deve registrar alta de 7%, alcançando 14.341 MWmed, enquanto o Norte terá crescimento de 11,5%, com 8.532 MWmed, impulsionado pela entrada de grandes consumidores industriais e pela interligação de Roraima ao SIN.

Para fevereiro, o ONS manteve a estimativa de carga em 89.158 MWmed, leve recuo de 0,1% frente a fevereiro de 2025, mês que registrou recorde de consumo devido a ondas de calor.