Bruno Accorsi e Rodrigo Sampaio | 22 de dezembro de 2025 - 09h15

Premiação da Copa ajuda Corinthians, mas dívida de R$ 2,7 bi segue desafio

Campeão da Copa do Brasil, clube usa prêmio de R$ 97,8 milhões para quitar atrasados, tenta sair de transfer ban e planeja cortes e vendas em 2026

FUTEBOL
Osmar Stábile comemora o título da Copa do Brasil com o elenco do Corinthians, enquanto premiação vira peça-chave no plano para aliviar as finanças. - (Foto: Reprodução/A Crítica)

Mesmo campeão da Copa do Brasil e com R$ 97,8 milhões garantidos em premiação, o Corinthians ainda convive com um cenário financeiro pesado, marcado por uma dívida de cerca de R$ 2,7 bilhões.

A bolada do torneio nacional chega em momento decisivo: parte desse valor será usada para quitar premiações atrasadas prometidas ao elenco pelas classificações às oitavas e quartas de final, além dos bônus gerados por semifinal e título. “Se Deus quiser, assim que a gente receber o dinheiro da premiação, nós também vamos acertar as premiações dos jogadores”, afirmou o presidente Osmar Stábile, ainda no gramado do Maracanã.

O dirigente tenta usar o título como ponto de virada também fora de campo. Hoje, o clube está sob transfer ban da Fifa por uma dívida de R$ 33 milhões com o Santos Laguna, pela compra do zagueiro Félix Torres, o que impede o registro de novos atletas desde agosto. Stábile promete resolver o imbróglio a tempo de reforçar o elenco.

“Eu tenho certeza absoluta que nós vamos contratar. Nós estamos trabalhando para isso acontecer e o Corinthians vai estar livre para contratações a partir do dia 10”, disse, ao garantir que o clube estará apto a registrar jogadores até 10 de janeiro. Ele também assegura que os compromissos básicos com o elenco serão colocados em dia: “O Corinthians vai resolver seus problemas. Nós vamos fechar o ano, coisa que faz muitos anos que não acontece, com direito de imagem tudo em dia, salário tudo em dia, décimo terceiro tudo em dia”.

Os números oficiais, porém, mostram o tamanho do desafio. Três dias antes da final, um balancete apontou déficit de R$ 204,2 milhões até outubro. Mesmo assim, a previsão orçamentária para 2026, aprovada pelo Conselho Deliberativo, projeta superávit de R$ 12 milhões e Ebitda de R$ 320 milhões, cenário que depende diretamente de cortes de gastos e de novas receitas.

Mesmo com a vaga já assegurada na fase de grupos da Libertadores, o plano é enxugar o departamento de futebol: a folha, que inclui salários, direitos de imagem, encargos e benefícios, deve cair de R$ 435 milhões para R$ 354 milhões, uma redução de R$ 81 milhões. Somando outras despesas, como serviços e custos de jogos, o corte total no futebol chegaria a R$ 90 milhões. Em todo o clube, a folha de pagamento deve recuar de R$ 505 milhões para R$ 410 milhões. Em meio a esse esforço de ajuste, Stábile chegou a cogitar o fim do futsal no clube social, mas recuou após a repercussão negativa entre os corintianos.

A outra perna do plano é vender jogadores. Para ajudar a equilibrar as contas, o Corinthians estabeleceu como meta arrecadar R$ 151 milhões em transferências em 2026. Nomes formados na base, como o meia Breno Bidon e o atacante Gui Negão, já estão no radar de clubes europeus, enquanto o goleiro Hugo Souza e o atacante Yuri Alberto também podem receber propostas do exterior. Há ainda incerteza sobre a permanência do executivo de futebol Fabinho Soldado, que interessa ao Internacional. Entre premiações a receber, cortes planejados e possíveis saídas de atletas, o título da Copa do Brasil vira combustível financeiro, mas está longe de ser solução definitiva para o rombo bilionário alvinegro.