Lucas Braathen leva prata no gigante e sobe no ranking da Copa do Mundo
Brasileiro nascido na Noruega termina a 0s18 do ouro em Alta Badia, chega ao sétimo pódio pelo Brasil e segue forte rumo a 2026
ESPORTELucas Pinheiro Braathen conquistou, neste domingo, a medalha de prata no slalom gigante da etapa de Alta Badia, na Itália, pela Copa do Mundo de esqui alpino. O brasileiro, nascido na Noruega, ficou apenas 0s18 atrás do austríaco Marco Schwarz após as duas descidas no tradicional percurso Gran Risa.
O tempo total de Schwarz foi de 2min35s02. Outro austríaco, Stefan Brennsteiner, completou o pódio em terceiro lugar, a 0s22 do vencedor. Com o resultado, Braathen, de 25 anos, subiu do 9º para o 6º lugar no ranking mundial da prova de slalom gigante.
Sétimo pódio com a bandeira brasileira - Esta foi a sétima vez que Lucas Braathen subiu ao pódio competindo pelo Brasil, e o terceiro resultado de destaque no slalom gigante — prova que nem é sua especialidade. Antes de Alta Badia, ele já havia conquistado a prata em Beaver Creek, nos Estados Unidos, e em Kranjska Gora, na Eslovênia.
No slalom, prova em que ficou conhecido mundialmente, o brasileiro já soma um ouro em Levi, na Finlândia, prata em Adelboden, na Suíça, e bronzes em Kitzbühel, na Áustria, e em Hafjell, na Noruega, todos neste ano.
Em Alta Badia, Lucas fez uma segunda descida estratégica. Depois de terminar em quinto na primeira, cravou o sexto melhor tempo na segunda tentativa e garantiu lugar entre os três primeiros na soma geral.
Nesta segunda-feira, ele volta à pista nevada italiana para disputar o slalom, prova na qual ocupa o 3º lugar na classificação da Copa do Mundo, atrás do norueguês Timon Haugan e do francês Paco Rassat. As descidas estão marcadas para as 6h e 9h30 (horário de Brasília).
Principal esperança do Brasil nos Jogos de Inverno - Braathen é hoje a principal esperança do Brasil para conquistar uma inédita medalha em Jogos de Inverno, que serão disputados em fevereiro de 2026, em Milão e Cortina D’Ampezzo, também na Itália.
Natural de Oslo, na Noruega, ele passou a defender oficialmente o Brasil em maio de 2024, depois de conseguir liberação da Federação Norueguesa de Esqui. O acerto veio por meio de uma carta, após um período conturbado, em que o atleta chegou a anunciar aposentadoria em 2023 por desentendimentos em relação a direitos de imagem.
Desde então, está filiado à Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN).
Lucas carrega no nome o sobrenome Pinheiro, em homenagem à mãe brasileira, Alessandra. Ela conheceu o norueguês Björn Braathen, pai do atleta, em um voo para Miami na década de 1990.
Entre a Noruega da neve e o Brasil do “joga bonito” - Formado em um país potência dos esportes de inverno, Braathen construiu carreira de estrela sob a bandeira norueguesa e chegou a ser campeão de slalom na temporada 2023 da Copa do Mundo. Em países onde o esqui é tradição, ele já é tratado como fenômeno.
Mas o esquiador faz questão de manter viva a ligação com o Brasil. Ele passou boa parte da infância e adolescência visitando São Paulo e Campinas, onde mora a família materna. Jogou futebol em escolinha, bateu bola na rua e se apaixonou pela cultura brasileira.
“Quero trazer este sentimento, o jeito brasileiro, essa atmosfera, essa relação com o esporte para o meu esporte de inverno. Isso não existe no meu esporte. Eu quero ser um produto de todas as minhas inspirações, que não são somente esquiadores, são pessoas que fazem arte, pintura, música, e jogadores de futebol aqui do Brasil… Ronaldinho, Neymar, Ronaldo Fenômeno”, disse em entrevista, em português fluente, ao Estadão.
Em casa, gastava horas vendo vídeos da série Joga Bonito, com dribles de Ronaldinho Gaúcho e o clima de festa da seleção brasileira. Essa mistura de referências ajuda a explicar o estilo ousado e a personalidade forte que o transformaram em um dos rostos mais midiáticos do circuito.
Não por acaso, o jornal suíço Blick já o apelidou de “Haaland do esqui alpino”, comparação com o atacante do Manchester City que ele aceita sem problemas, por se identificar com a mentalidade competitiva e o peso de ser um fenômeno esportivo vindo da Noruega.