Antonio Perez | 19 de dezembro de 2025 - 19h00

Dólar acumula seis altas seguidas e fecha semana acima de R$ 5,52

Com valorização de 2,20% na semana e 3,65% em dezembro, moeda americana segue pressionada por remessas ao exterior, tensão política e juros no Japão

ECONOMIA
Dólar sobe pela sexta vez seguida, fecha semana em R$ 5,53 e acumula alta de 3,65% em dezembro. - (Foto: KEVIN DAVID/A7 PRESS)

Na noite de quinta-feira (19), o Banco do Japão anunciou a elevação da taxa de juros de 0,50% para 0,75% ao ano. A decisão poderia impactar operações de carry trade, que envolvem captação em moedas com juros baixos, como o iene, para investir em ativos de países com juros mais altos, como o Brasil.

Apesar da alta dos juros japoneses, o iene se desvalorizou mais de 1% frente ao dólar. Isso ajudou a aliviar eventuais pressões sobre o real, já que investidores esperavam uma sinalização mais conservadora por parte do Banco do Japão.

No fim da manhã e início da tarde, o dólar operou em queda com a entrada do Banco Central no mercado. A autoridade monetária vendeu a oferta integral de leilões de linha, injetando US$ 2 bilhões no mercado e amenizando os efeitos do aumento das remessas ao exterior.

Segundo dados do setor externo, o déficit em conta corrente somou US$ 4,94 bilhões em novembro, levemente abaixo da projeção do mercado. Por outro lado, o Investimento Direto no País (IDP) surpreendeu positivamente, alcançando US$ 9,82 bilhões no mesmo período. Em 12 meses, o IDP representa 3,47% do PIB, superando o déficit em transações correntes.

O economista Sérgio Goldenstein, da Eytse Estratégia, destaca que apesar das saídas líquidas de US$ 2,7 bilhões em investimentos em carteira no mês passado, o ano de 2025 acumula saldo positivo de US$ 11,4 bilhões – especialmente em títulos da dívida.

No entanto, Marcelo Bacelar, da Azimut, alerta que o apelo do carry trade tende a diminuir em 2026, com a esperada redução da taxa Selic pelo Banco Central. “Se não houver melhora no quadro fiscal, um corte de juros torna o real menos atrativo frente a outras moedas”, explica.

Segundo ele, a política fiscal será o principal fator para o desempenho da moeda brasileira no próximo ano. “O jogo interno será preponderante para o real em 2026. E as variáveis estão piorando”, conclui Bacelar.