Pesquisa aponta reprovação à indicação de Jorge Messias ao STF
Levantamento Genial/Quaest mostra que 45% desaprovam escolha de Lula, 30% aprovam e maioria não quer presidente indicando ministro livremente
POLÍTICAA indicação de Jorge Messias, advogado-geral da União, ao Supremo Tribunal Federal (STF) é reprovada por quase metade da população, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta sexta-feira (19). De acordo com o levantamento, 45% desaprovam a escolha de Messias para a vaga deixada por Luís Roberto Barroso, enquanto 30% aprovam. Outros 25% não souberam ou não responderam.
Messias foi escolhido em novembro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sua indicação abriu uma crise política, que passou da disputa por votos no Senado para um desgaste mais amplo na relação do governo com a Casa.
Apesar da rejeição, os números são melhores que os registrados quando o nome de Cristiano Zanin começou a ser ventilado para o STF, em 2023. Na época, 60% desaprovavam a escolha do então advogado pessoal de Lula, 23% aprovavam e 17% não tinham opinião formada.
Mesmo assim, a indicação de Messias ainda é pouco conhecida: apenas 35% dos entrevistados afirmaram saber do assunto.
Entre os entrevistados que não se declaram nem de esquerda nem de direita, 44% desaprovam a indicação de Messias, 22% aprovam e 34% não souberam ou preferiram não responder.
Na direita, o rechaço é amplo. Entre bolsonaristas, 73% desaprovam a escolha do advogado-geral da União e apenas 11% aprovam. Entre eleitores de direita que não se identificam como bolsonaristas, a rejeição chega a 74%, com 12% de aprovação.
No campo da esquerda, os números são mais divididos e favoráveis ao indicado. Entre lulistas, 61% aprovam a indicação e 16% desaprovam. Já entre eleitores de esquerda que não se dizem ligados a Lula, 47% aprovam Messias no STF e 28% desaprovam.
A pesquisa também mediu a visão dos brasileiros sobre o poder do presidente da República de indicar ministros ao STF, com posterior análise do Senado. Para 54% dos entrevistados, o presidente não deveria poder indicar livremente os nomes para a Corte. O percentual, no entanto, é menor do que em junho de 2023, quando 59% defendiam essa posição.
Já a parcela que considera que o presidente pode escolher livremente subiu de 34% para 41% no mesmo período. Outros 5% não souberam ou não responderam.
Pelo recorte ideológico, a direita é majoritariamente contrária ao modelo atual: 77% dos bolsonaristas e 79% dos direitistas não bolsonaristas afirmam que o presidente não deveria ter esse poder.
Na esquerda, o cenário se inverte. Entre lulistas, 77% defendem que o presidente possa indicar livremente os ministros do STF, índice que cai para 60% entre os eleitores de esquerda que não se alinham diretamente a Lula.
A escolha de Jorge Messias para o STF tensionou a relação do Palácio do Planalto com o Senado. A resistência à indicação não se restringe à oposição e atinge também partidos de centro, em meio ao descontentamento do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), com a decisão de Lula de não indicar o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga.
Entidades como Fórum Justiça, Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos e a Plataforma Justa pressionaram o governo para que a nova cadeira fosse ocupada por uma mulher. Hoje, apenas a ministra Cármen Lúcia integra o STF.
A Corte já chegou a ter duas mulheres simultaneamente, quadro que se encerrou com a aposentadoria de Rosa Weber, em 2023. Cármen Lúcia está no tribunal desde 2006 e tem aposentadoria prevista para 2029.