Pedro Lima | 19 de dezembro de 2025 - 13h15

Putin diz que Rússia aceita negociar guerra, mas vê falta de prontidão da Ucrânia e do Ocidente

Presidente russo afirma estar aberto ao diálogo e elogia atuação de Donald Trump no conflito

GUERRA NA UCRÂNIA
Presidente da Rússia, Vladimir Putin afirmou que Moscou está aberta a negociações para encerrar a guerra na Ucrânia. - (Foto: Imagem ilustrativa/A Crítica)

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta-feira (19) que Moscou está disposta a avançar em negociações para encerrar a guerra na Ucrânia, mas avaliou que ainda não há disposição suficiente do lado ucraniano nem dos países ocidentais. As declarações foram feitas durante a conferência de imprensa anual realizada em Moscou, na qual o líder russo apresentou um balanço de 2025 e projeções para 2026.

Putin rejeitou a ideia de que a Rússia esteja se recusando a negociar e disse que o país mantém aberta a possibilidade de diálogo. “É errado dizer que a Rússia está rejeitando qualquer negociação sobre a Ucrânia. Estamos prontos para seguir com negociações para encerrar a guerra”, afirmou. Em seguida, atribuiu aos adversários a responsabilidade por destravar o processo. “A bola está nas mãos do Ocidente e da Ucrânia.”

Durante a entrevista, transmitida pela agência estatal RT com tradução simultânea em inglês, o presidente russo afirmou que Moscou chegou a receber pedidos para aceitar concessões no conflito. “Nos pediram para fazer concessões sobre a Ucrânia, e eu concordei”, disse, sem detalhar se a concordância se referia a propostas concretas ou apenas ao princípio de concessões mútuas.

Apesar disso, Putin afirmou que, no momento, não identifica sinais consistentes de disposição por parte de Kiev. “Não vemos a Ucrânia pronta para conversas”, declarou, acrescentando que a Rússia “está pronta e quer acabar com o conflito por meios pacíficos”.

Ao comentar o papel dos Estados Unidos, Putin fez elogios ao presidente norte-americano Donald Trump. Segundo ele, o republicano tem se empenhado para buscar uma saída negociada para o conflito.

“Trump está fazendo esforços para acabar com a guerra na Ucrânia”, afirmou, em uma avaliação positiva pouco comum nas declarações públicas do Kremlin desde o início do conflito.

Putin também abordou questões ligadas ao setor energético, um dos pontos mais sensíveis do embate geopolítico com o Ocidente. O presidente reconheceu as dificuldades enfrentadas pela Rússia em relação à refinaria sérvia NIS, alvo de sanções internacionais.

“Não é uma tarefa fácil”, afirmou, ao comentar o impacto das restrições econômicas sobre a operação da empresa.

Além disso, Putin alertou grandes produtores de petróleo do Oriente Médio, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, sobre os riscos de manter reservas internacionais em países da União Europeia. O líder russo não entrou em detalhes sobre possíveis consequências, mas indicou preocupação com a segurança de ativos financeiros em meio ao cenário de sanções e disputas geopolíticas.

As declarações reforçam o discurso do Kremlin de que a Rússia estaria aberta a uma solução negociada, ao mesmo tempo em que transfere ao Ocidente e à Ucrânia a responsabilidade pela continuidade da guerra, que já se arrasta há quase três anos.