Redação O Estado de S. Paulo | 19 de dezembro de 2025 - 14h40

Von der Leyen diz estar confiante em acordo UE-Mercosul após adiamento por protestos

Presidente da Comissão Europeia aposta em maioria qualificada em janeiro, enquanto França mantém cautela

COMÉRCIO EXTERIOR
Ursula von der Leyen diz estar confiante em apoio suficiente para acordo UE-Mercosul em janeiro - Foto: Reprodução

Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen afirmou nesta sexta-feira (19) estar “confiante” de que conseguirá o apoio necessário para a assinatura do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul em janeiro. A declaração veio um dia após o adiamento da resolução, inicialmente prevista para este sábado (20), em meio a protestos de agricultores na França e na Itália contrários ao tratado.

“Estou confiante de que teremos a maioria necessária”, disse von der Leyen em coletiva de imprensa. Para que o acordo avance, é preciso alcançar a chamada maioria qualificada no Conselho da União Europeia: o apoio de ao menos 15 países que representem, juntos, 65% da população do bloco. Para barrar o pacto, seria necessário reunir votos de países que somem 35% da população europeia.

Apesar do otimismo da presidente da Comissão, a resistência permanece, sobretudo na França. O presidente Emmanuel Macron afirmou, também nesta sexta-feira, que ainda é “muito cedo” para dizer se o país conseguirá apoiar o acordo no início de 2026. A posição reflete a pressão de agricultores e de setores políticos franceses que veem o tratado como ameaça à produção local.

“Espero que sim, porque isso significaria que teríamos feito progressos que, em alguns casos, seriam históricos”, declarou Macron, ao comentar a possibilidade de aprovação do acordo. Ele ressaltou, porém, que a França espera mudanças no texto para que o pacto “mude de natureza” e atenda às exigências do país, especialmente em relação a padrões ambientais e de concorrência.

Negociado há 26 anos, o acordo entre a União Europeia e o Mercosul é considerado estratégico por ambos os blocos. Se aprovado, criará a maior zona de livre comércio do mundo, envolvendo mais de 700 milhões de pessoas.

Pelos termos em discussão, países europeus teriam maior acesso aos mercados do Mercosul para exportação de veículos e máquinas. Em contrapartida, o acordo facilitaria a entrada de produtos agrícolas sul-americanos na Europa, como carne, arroz, mel e soja. Esses itens são vistos como mais competitivos devido aos custos e aos padrões de produção, o que explica a apreensão de agricultores europeus.

A expectativa agora é de que novas negociações políticas ocorram nas próximas semanas para tentar reduzir as resistências e viabilizar a votação do acordo no início de janeiro.
(Com informações da Associated Press)