Gabriel de Sousa | 17 de dezembro de 2025 - 14h30

Lula convoca ministros para ofensiva por votos em Jorge Messias ao STF

Presidente aproveita última reunião do ano para pedir empenho em indicação travada por resistência de Alcolumbre no Senado

POLÍTICA NACIONAL
Jorge Messias aguarda envio de indicação oficial enquanto governo tenta assegurar os 41 votos necessários no Senado. - (Foto: Rosinei Coutinho/STF)

Em um movimento estratégico para destravar a composição da Suprema Corte, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou a última reunião ministerial do ano, nesta quarta-feira (17), para cobrar empenho direto de sua equipe. O pedido é claro: cada ministro deve atuar como cabo eleitoral junto a senadores aliados para garantir a aprovação de Jorge Messias, atual advogado-geral da União, para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).

O diferencial da fala presidencial foi o tom de "lealdade" e reconhecimento histórico. Lula fez questão de pontuar que a escolha de Messias não se deve à amizade pessoal, mas ao seu currículo jurídico e, principalmente, ao seu papel durante o governo de Dilma Rousseff. "O País tem gratidão pelo que ele fez pela presidente Dilma. Desde lá, ele continua sendo leal", afirmou o presidente aos ministros na Granja do Torto, sugerindo que o espírito natalino seja usado como pretexto para as ligações de convencimento aos parlamentares.

O entrave no Senado e a barreira de Alcolumbre - Apesar de ter anunciado o nome de Messias em 20 de novembro, o Palácio do Planalto ainda segura o envio oficial da mensagem ao Senado por um motivo pragmático: a incerteza matemática. Para ser aprovado, o indicado precisa de, no mínimo, 41 votos favoráveis, quórum que o governo ainda não se sente seguro em atingir.

A principal resistência atende pelo nome de Davi Alcolumbre (União-AP). O influente presidente do Senado era o principal fiador da candidatura de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à vaga e, diante da escolha de Lula por Messias, tem dificultado a tramitação. A estratégia de Lula, ao envolver todo o primeiro escalão, é diluir essa resistência por meio de uma pressão coordenada sobre a base aliada e indecisos.

Gratidão e técnica como discurso - O governo tenta blindar a indicação de Messias de críticas puramente políticas, reforçando sua capacidade técnica como "grande advogado". Ao mesmo tempo, Lula sinaliza que o perfil de "fidelidade institucional" — demonstrado por Messias em momentos de crise da esquerda — é o requisito inegociável para a cadeira. Agora, resta saber se o "corpo a corpo" ministerial será suficiente para vencer a queda de braço com a cúpula do Senado antes que o ano legislativo se encerre definitivamente.