Gabriel Hirabahasi, Mateus Maia e Gabriel de Sousa | 17 de dezembro de 2025 - 14h20

Lula critica robotização e diz que redução de jornada deveria partir dos empresários

Em reunião ministerial, presidente afirma que tecnologia gerou desemprego e cobra pragmatismo de sua equipe para 2026

TRABALHO E TECNOLOGIA
Lula questionou os benefícios da tecnologia para o trabalhador e cobrou empenho da equipe ministerial. - (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disparou críticas contundentes ao modelo de automação do mercado de trabalho durante a última reunião ministerial do ano, realizada nesta quarta-feira (17) na Granja do Torto. Para o presidente, o avanço tecnológico, da forma como foi implementado, não trouxe benefícios para a base da pirâmide social, resultando em um aumento do desemprego e da desigualdade urbana.

O diferencial do discurso presidencial foi o uso de dados comparativos do setor automotivo para ilustrar seu ponto: Lula lembrou que, no passado, grandes montadoras operavam com 40 mil funcionários para produzir 1.200 veículos anuais, enquanto hoje, com apenas 12 mil trabalhadores, dobram a produção. "Quem ganhou? Não foram os trabalhadores", questionou, defendendo que a redução da jornada de trabalho não deveria ser um tabu, mas uma proposta vinda dos próprios empresários diante dos ganhos de produtividade da inteligência e das máquinas.

Foco em 2026 e o "povo invisível" - Além da pauta trabalhista, Lula aproveitou o encontro para alinhar o tom político de seu secretariado e ministérios para o próximo ano. Em um tom de convocação, ele pediu mais profissionalismo e pragmatismo, alertando que a disputa eleitoral de 2026 será contra adversários que, em sua visão, tornariam o povo novamente "invisível".

"Essa gente não enxerga o povo", declarou o presidente, referindo-se aos possíveis candidatos da oposição. Ele reforçou que o compromisso social deve ser o diferencial da sua gestão frente aos nomes que ainda devem surgir no cenário político.

Relação de confiança no primeiro escalão - Lula também aproveitou o momento para reforçar os laços com seus ministros, destacando que muitas das escolhas para o primeiro escalão foram baseadas em parcerias técnicas e confiança, mesmo com nomes que ele não conhecia pessoalmente antes do mandato. O pedido de coesão interna serve como um preparativo para enfrentar o que o governo projeta como uma "guerra de narrativas" e de comunicação nos meses que antecedem o pleito.