Lula alerta para riscos de ofensiva militar de Trump contra a Venezuela
Presidente defende diálogo em vez de armas e se oferece como mediador entre a Casa Branca e o governo de Maduro
RELAÇÕES EXTERIORESO presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou a última reunião ministerial do ano, nesta quarta-feira (17), para manifestar publicamente sua inquietação com o endurecimento da postura dos Estados Unidos em relação à América Latina. O foco central da preocupação é a possibilidade de uma intervenção militar do governo de Donald Trump na Venezuela, tema que o petista classificou como uma questão que exige "vigilância total" do Brasil.
O diferencial do posicionamento de Lula foi o relato de sua tentativa direta de dissuasão durante um telefonema recente com Trump. O presidente brasileiro defendeu que o custo diplomático da conversa é sempre menor que o das armas, posicionando-se como um interlocutor estratégico para evitar o agravamento da crise no continente.
Mediação e "poder da palavra" - Lula revelou ter sugerido a Trump um caminho de negociação, colocando-se à disposição para atuar como colaborador em um eventual diálogo entre Washington e Caracas. "O poder da palavra pode valer mais do que o poder da arma. Custa menos e demora menos", teria dito o brasileiro ao republicano.
Para Lula, a solução para o impasse venezuelano depende de dois fatores que ele considera escassos no momento:
- Disposição Política: Vontade real de estabelecer um canal oficial de conversa.
- Paciência Estratégica: Compreensão de que soluções diplomáticas não ocorrem de forma imediata.
Balanço da COP30 e prestígio internacional - Apesar do cenário de tensão na vizinhança, o presidente aproveitou o encontro na Granja do Torto para exaltar a imagem do Brasil no exterior. Lula relembrou a realização da COP30 em Belém, afirmando que o evento foi um divisor de águas que fez o país sair "mais respeitado" pela comunidade internacional. O sucesso da cúpula do clima é visto pelo Planalto como um trunfo para que o Brasil tenha autoridade moral ao tentar mediar conflitos regionais, como o embate entre EUA e Venezuela.