Lula dá ultimato à União Europeia e ameaça encerrar negociações do Mercosul
Presidente afirma que não aceitará novos adiamentos e critica resistência da França e Itália para assinatura do acordo
INTERNACIONALO presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu o tom contra a União Europeia nesta quarta-feira (17), estabelecendo um limite definitivo para a conclusão do acordo comercial com o Mercosul. Durante reunião ministerial na Granja do Torto, Lula afirmou que, caso o documento não seja assinado no próximo sábado (20), o Brasil abandonará as negociações por tempo indeterminado. "Se não fizermos agora, o Brasil não fará mais acordo enquanto eu for presidente", disparou.
O diferencial do pronunciamento está no tom de frustração diplomática. O governo brasileiro aceitou adiar a cúpula do bloco sul-americano — originalmente marcada para o início do mês, a pedido dos próprios europeus, que alegaram precisar de tempo para aprovações internas. Contudo, informações recentes indicam que entraves políticos na França, devido à pressão de agricultores, e na Itália devem inviabilizar o desfecho no dia 19.
26 anos de espera e "unilateralismo" - Lula classificou a resistência europeia como contraditória, pontuando que o acordo é, na verdade, mais vantajoso para a Europa do que para os países do Mercosul. Para o presidente, a concretização do pacto seria uma resposta global ao fortalecimento do unilateralismo econômico, especialmente diante das recentes posturas dos Estados Unidos.
"Nós cedemos a tudo o que era possível a diplomacia ceder", enfatizou o presidente, destacando que o Brasil foi flexível para garantir o entendimento entre blocos que somam um PIB de US$ 22 trilhões. Lula confirmou que viajará para Foz do Iguaçu na expectativa do "sim", mas alertou que a postura brasileira será "dura" caso o recuo europeu se confirme.
Agenda internacional e foco em 2026 - Além do imbróglio comercial, o presidente adiantou passos estratégicos de sua agenda para o fim do mandato:
- Ásia no radar: Viagens confirmadas para a Índia no início de 2025 e Coreia do Sul em 2026.
- Foco doméstico: Lula informou que não pretende comparecer à reunião do G7 no próximo ano, justificando que estará em "franca campanha" eleitoral.
A fala sinaliza uma mudança de postura do Palácio do Planalto, que agora prioriza parcerias fora do eixo europeu caso o histórico acordo, discutido há 26 anos, naufrague mais uma vez por questões políticas internas da França e Itália.