Gabriel Hirabahasi e Mateus Maia | 17 de dezembro de 2025 - 13h30

Haddad cita "herança de inferno" e prevê guerra de comunicação contra o mercado em 2026

Ministro da Fazenda defende gestão Lula, critica pessimismo do setor financeiro e projeta desafios eleitorais

ECONOMIA E NARRATIVA
Na Granja do Torto, Haddad defendeu indicadores econômicos e criticou pessimismo do setor financeiro. - (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Em um discurso contundente durante a reunião ministerial realizada nesta quarta-feira na Granja do Torto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, subiu o tom contra a oposição e o mercado financeiro. Haddad afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva herdou um "inferno" nas contas públicas após sete anos de gestões de direita e extrema-direita, rebatendo as críticas sobre o atual equilíbrio fiscal do país.

O diferencial da fala do ministro foi o foco na "batalha de narrativas". Segundo Haddad, existe uma desconexão proposital entre os dados positivos da economia e a percepção do mercado. Ele defendeu que manter o crescimento do PIB, o emprego em alta e a inflação controlada sob uma "tensão artificialmente construída" é um feito político que precisa ser melhor comunicado à população para garantir a continuidade do projeto governista.

O embate com o mercado e as redes sociais - Para o chefe da equipe econômica, a relação com o setor financeiro é "muito difícil" porque os indicadores reais não estariam sendo reconhecidos pelos agentes econômicos. Haddad sugeriu que o mercado atua como se o atual governo tivesse recebido um cenário de bonança, ignorando os problemas estruturais deixados pela gestão de Jair Bolsonaro.

O ministro listou os principais desafios para o horizonte de 2026:

"Ano da Verdade" - Haddad encerrou sua participação na reunião ministerial definindo 2026 como o "ano da verdade". Para o ministro, o sucesso do governo dependerá da capacidade da gestão em converter os avanços econômicos em uma narrativa sólida que vença o que ele classifica como desinformação. O tom de "alerta" reforça a estratégia do Palácio do Planalto em nacionalizar o debate econômico como peça central da próxima disputa eleitoral.