Ex-juiz da Lava Jato é flagrado por câmeras em suposto furto de champanhe de R$ 400
Vídeo mostra Eduardo Appio, que sucedeu Moro na 13ª Vara, deixando supermercado em SC com bebida sem pagar; magistrado alega fraude e promete defesa no TRF4
POLÍTICAO ex-juiz Eduardo Appio, que ficou conhecido por assumir a 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba após a saída de Sérgio Moro, foi flagrado por câmeras de segurança supostamente furtando uma garrafa de champanhe francesa Moët Chandon, avaliada em mais de R$ 400, em um supermercado de Blumenau (SC). O episódio ocorreu em 18 de outubro e resultou no afastamento do magistrado, que agora responde a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).
Segundo registros do circuito interno do mercado, Appio foi visto circulando pelos corredores, vestindo camiseta azul e bermuda, e parando no setor de bebidas, onde pegou a garrafa de champanhe. O vídeo mostra o juiz colocando a bebida em uma sacola e, em seguida, descendo uma rampa em direção ao estacionamento. Antes de sair do local, foi abordado por dois seguranças, que o escoltaram de volta ao interior do supermercado.
Na sala reservada, um segurança retirou a garrafa da sacola de Appio e a colocou sobre a mesa. O juiz chegou a mostrar um cartão aos funcionários, aparentemente tentando pagar pela bebida já fora dos caixas.
O caso foi formalizado em boletim de ocorrência pela Polícia Civil de Santa Catarina, que atribui a Appio o furto das garrafas de champanhe. A gravação, com cerca de 20 minutos, está nas mãos das autoridades e foi obtida pelo Estadão.
Ao ser procurado pela reportagem, Eduardo Appio negou qualquer irregularidade e afirmou que “o vídeo é fraudulento”. O ex-juiz declarou ainda que pretende apresentar sua defesa assim que for intimado oficialmente pelo TRF4. “Estou no sistema judicial há 31 anos e confio na Justiça”, disse.
Appio ganhou notoriedade nacional ao assumir a 13ª Vara da Lava Jato em 2023, após o período em que Sérgio Moro esteve à frente da operação. Desde então, tornou-se desafeto político do hoje senador Moro (União Brasil-PR).
O afastamento de Appio foi determinado após abertura de processo disciplinar com base no boletim de ocorrência. A Corte Especial Administrativa do TRF4 analisa o caso, que repercute no meio jurídico e político, dada a ligação do magistrado com uma das fases mais emblemáticas da Operação Lava Jato.
O vídeo do suposto furto rapidamente circulou em grupos de advogados e servidores, alimentando debates sobre conduta de juízes e consequências institucionais. O magistrado, porém, insiste que a gravação foi manipulada e promete provar sua inocência assim que for chamado a depor.