O poder dos rituais para construir memórias afetivas
Maria Ap. Mestriner Colli (*)
ARTIGOO fim de ano costuma vir acompanhado de expectativas e planos para o próximo ciclo. Para muitas famílias com crianças, esse período vai muito além das datas no calendário: é uma sequência de pequenos rituais que marcam transições, celebram conquistas e ajudam a construir identidade, autonomia e memórias afetivas que ficam guardadas para a vida toda.
Essa fase do ano tem um potencial enorme de criar conexões verdadeiras com as famílias, porque os rituais carregam significado e emoção. Esses rituais começam ainda em dezembro, com o amigo secreto na escola ou entre os membros da família. Para as crianças, é um momento cheio de encantamento: a curiosidade para descobrir o que vão ganhar e, principalmente, a chance de participar, junto aos adultos, da escolha de um presente que expressa carinho, fortalecendo vínculos que permanecem por muito tempo.
Outro marco importante são as festas de encerramento, que celebram as conquistas do ano letivo e simbolizam a preparação para uma nova etapa. É quando surgem conversas sobre a escolha do look, que envolve não apenas roupas especiais, mas também os sapatos: precisam ser confortáveis e, ao mesmo tempo, trazer o "brilho do palco". Decisões assim carregam significado e contribuem diretamente para o desenvolvimento da autoestima, da confiança e da autonomia.
E, entre esses rituais, as férias em família ocupam um espaço especial nesse período. Elas representam uma pausa real na rotina, cheia de descobertas, convivência e segurança emocional. Seja em uma viagem para a praia, para o campo ou até mesmo para a casa dos avós, momentos como montar a mala juntos, escolher o melhor tênis para as aventuras do dia ou criar uma tradição familiar que se repete a cada ano fortalecem vínculos e geram memórias afetivas que acompanham o crescimento das crianças.
Depois da virada do ano, chega janeiro e, com ele, a preparação para o início de mais um período escolar. É tempo de escolher materiais, pensar na mochila desejada e decidir qual calçado vai acompanhar a rotina do ano. Mais do que itens, esse processo vira um recomeço cheio de intenção: a criança escolhe a cor que mais ama, o personagem ou tema com o qual se identifica naquele momento, o estilo que faz sentir "essa sou eu", e até detalhes que dão segurança para encarar uma nova turma, uma nova professora e novas experiências.
Para o varejo infantil, esse é o momento de reconhecer a força afetiva e simbólica dessa época. Estamos lidando com experiências que apoiam a construção de identidade, autoestima e autonomia. Estar presente nesses marcos significa participar, com cuidado e responsabilidade, de momentos que ficam na memória das famílias: na escolha do sapato para a festa de encerramento, no presente do amigo secreto ou na volta às aulas.
Rituais assim ajudam as crianças a entenderem quem são, do que gostam e como querem se expressar no mundo. E esse período traz oportunidades reais de criar conexões profundas, consistentes e lindas memórias, daquelas que viram história contada, foto favorita no rolo da câmera e lembrança boa guardada para o resto da vida.
(*) Maria Ap. Mestriner Colli, Presidente do Conselho e Fundadora da Nação Pampili.