Ricardo Eugenio | 16 de dezembro de 2025 - 19h34

De Maracaju ao comando do PL, o caminho municipalista de Reinaldo Azambuja

Da prefeitura de Maracaju ao comando do PL, Reinaldo Azambuja construiu sua trajetória política a partir do municipalismo.

MUNICIPALISMO
Reinaldo Azambuja aparece ao lado de Valdir Júnior, ex-presidente da Assomasul, e de Thales Tomazelli, atual presidente da entidade, durante encontro que reforçou a pauta do municipalismo em Mato Grosso do Sul. - (Foto: Divulgação)

Na política de Mato Grosso do Sul, poucas trajetórias ajudam a entender o peso do municipalismo quanto a de Reinaldo Azambuja. Antes de ocupar cargos estaduais e ganhar projeção partidária, ele aprendeu a fazer política olhando de perto a rotina das cidades. Esse aprendizado começou em 1996, quando Azambuja foi eleito prefeito de Maracaju, e segue presente em seus gestos públicos até hoje.

No último dia 24 de novembro, Azambuja publicou em suas redes sociais uma mensagem curta, acompanhada de fotos, que resume essa visão. “Força municipalista, união que fortalece o desenvolvimento das cidades. Encontro produtivo com o ex-presidente e o atual presidente da Assomasul. Trabalho, diálogo e parceria para seguir avançando”, escreveu. Na imagem, ele aparece ao lado de Valdir Júnior, ex-presidente da Assomasul, e de Thalles Tomazelli, atual presidente da entidade.

Confira: 

O encontro aconteceu na sede da Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul e teve um caráter simbólico. Reuniu três gerações de liderança municipalista em torno de uma mesma mesa. Valdir Júnior, que comandou a entidade até janeiro de 2025, e Thalles Tomazelli, eleito por unanimidade com votos de prefeitos de todo o estado, representam momentos distintos da Assomasul. Azambuja, por sua vez, carrega a experiência de quem já ocupou os dois lados do balcão, como gestor municipal e como governador.

A ligação de Azambuja com o municipalismo não é recente. Ele foi prefeito de Maracaju por dois mandatos, entre 1997 e 2004. Foi ali que ganhou projeção política e passou a defender a ideia de que os problemas do estado começam, quase sempre, nos municípios. Durante esse período, presidiu a Assomasul entre 2000 e 2001, cargo que ampliou seu contato com prefeitos de todas as regiões.

Na presidência da entidade, Azambuja defendeu maior integração entre os municípios e a descentralização de recursos. A lógica era simples: quem conhece a realidade local tem mais condições de decidir onde aplicar o dinheiro público. Esse discurso, repetido ao longo dos anos, se tornaria uma marca pessoal.

Depois de deixar a prefeitura, Azambuja avançou na carreira política. Foi eleito deputado estadual em 2006 com a maior votação da história de Mato Grosso do Sul até então.  Quatro anos depois, em 2010, conquistou uma vaga na Câmara Federal com mais de 122 mil votos, mantendo como foco as pautas ligadas aos municípios.

Em ambos os cargos, manteve o foco em pautas ligadas aos municípios, como infraestrutura, saúde e educação, sempre defendendo maior autonomia para as prefeituras.

Em 2014, venceu a eleição para o governo de Mato Grosso do Sul. Assumiu o cargo em janeiro de 2015 e permaneceu até janeiro de 2023, após ser reeleito em 2018. Durante os dois mandatos, reforçou o discurso de um governo municipalista. Programas de investimento direto nas cidades, parcerias com prefeituras e repasses para obras locais passaram a ser apresentados como eixo central da gestão.


 

Infográfico resume a trajetória política de Reinaldo Azambuja, da prefeitura de Maracaju ao governo de Mato Grosso do Sul, com o municipalismo como eixo central de sua atuação pública.

Azambuja costumava repetir que “a população mora nos municípios”. A frase virou um resumo de sua visão administrativa. Durante seu governo, o estado realizou investimentos em pavimentação, saneamento, saúde e educação por meio de acordos diretos com as prefeituras. A estratégia buscava fortalecer as administrações locais e reduzir desigualdades regionais.

Ao mesmo tempo, a Assomasul se consolidava como espaço de articulação política e técnica dos municípios. Fundada em 1982, a entidade representa os 79 municípios sul-mato-grossenses e atua como ponte entre prefeitos, governos estadual e federal. Capacitação de servidores, defesa de recursos e debates sobre temas sensíveis, como a reforma tributária, fazem parte da agenda permanente.

Sob a presidência de Thalles Tomazelli, a Assomasul manteve o foco no municipalismo e ampliou projetos voltados à qualificação da gestão pública. Em 2025, a entidade lançou o programa Assomasul Gov MS 4.0, que oferece cursos gratuitos de pós-graduação para servidores municipais. Azambuja participou do evento de lançamento, reforçando o discurso de que investir em pessoas é parte do fortalecimento das cidades.

O municipalismo em fotos:

O encontro registrado nas redes sociais, em novembro de 2025, acontece em um momento de transição política. Azambuja deixou o PSDB após décadas de filiação e assumiu o comando do PL em Mato Grosso do Sul. A mudança partidária não alterou o tom de suas falas públicas. O municipalismo segue como ponto central, agora associado à articulação política para os próximos anos.

Para a Assomasul, o gesto de reunir o ex-presidente e o atual presidente ao lado de um ex-governador carrega uma mensagem clara. O municipalismo não depende de mandatos específicos, mas de continuidade e diálogo. A imagem sugere uma transição sem ruptura, em que experiências passadas ajudam a orientar decisões futuras.

A trajetória que começou em Maracaju ajuda a explicar esse posicionamento. Ao longo de quase três décadas de vida pública, Reinaldo Azambuja construiu sua imagem a partir das cidades. Prefeito, presidente da Assomasul, deputado, governador e dirigente partidário, ele manteve o mesmo fio condutor. A ideia de que o desenvolvimento do estado passa, antes de tudo, pela força dos municípios.