Angelina Jolie voltou a falar publicamente sobre a própria saúde e o câncer de mama. Em um ensaio para a primeira edição da revista Time França, lançada nesta semana, a atriz aparece exibindo as cicatrizes da mastectomia dupla à qual se submeteu há mais de uma década.

“Compartilho essas cicatrizes com muitas mulheres que amo. E sempre me emociono quando vejo outras mulheres compartilhando as suas”, afirmou Jolie à publicação.

Em 2013, Angelina revelou, em um artigo no New York Times, que havia passado por uma mastectomia dupla preventiva após descobrir uma predisposição genética ao câncer. Dois anos depois, em 2015, ela também fez uma ooforectomia dupla (remoção dos ovários).

A decisão foi influenciada pelo histórico familiar. A mãe da atriz morreu aos 56 anos, após ser diagnosticada com a doença. No artigo, Angelina admitiu as dúvidas e o peso emocional do procedimento.

“Eu queria escrever isso para dizer a outras mulheres que a decisão de fazer uma mastectomia não foi fácil”, escreveu na época. “Mas é uma decisão da qual estou muito feliz. Minhas chances de desenvolver câncer de mama caíram de 87% para menos de 5%. Posso dizer aos meus filhos que eles não precisam temer me perder para o câncer de mama.”

Ao tornar pública a experiência, Jolie acabou provocando um movimento que ficou conhecido como “Efeito Angelina”. A exposição do caso levou muitas mulheres a buscar informações e a realizar exames preventivos.

Quando a atriz revelou a cirurgia, houve aumento de 20% nos exames de rastreamento de câncer de mama na França. Nos Estados Unidos, a procura cresceu 64% nas primeiras duas semanas após o anúncio. Seis meses depois, a alta ainda era de 37%.

O novo ensaio para a Time França retoma essa discussão, agora com as cicatrizes em evidência e um discurso voltado à importância da informação e do acesso aos cuidados de saúde.

As fotos da capa foram feitas pelo fotógrafo Nathaniel Goldberg. Segundo a publicação, Angelina aceitou participar do projeto sabendo que a revista abordaria saúde da mama, prevenção e conhecimento sobre o câncer de mama.

Na entrevista, Jolie reforça que, apesar de sua escolha pela cirurgia preventiva, não existe uma única resposta correta para todas as mulheres. Para ela, o essencial é que cada uma tenha condições reais de decidir.

“As decisões sobre saúde devem ser pessoais, e as mulheres devem ter as informações e o apoio necessários para tomar essas decisões. O acesso aos exames e aos cuidados não deve depender de recursos financeiros ou do local de residência”, afirmou.

Ao colocar novamente o tema em pauta, a atriz volta a associar sua imagem à defesa de uma saúde mais igualitária, em que exames, diagnósticos e tratamentos não sejam privilégio de quem tem mais renda ou vive em grandes centros.

Além da entrevista e do ensaio, Angelina Jolie também se prepara para colocar a discussão sobre câncer de mama na tela do cinema. Ela é a protagonista de “Couture”, filme dirigido por Alice Winocour, com estreia prevista para fevereiro de 2026.

Na produção, Jolie interpreta Maxine Walker, uma cineasta americana diagnosticada com câncer de mama. A trama acompanha a personagem no enfrentamento da doença e nas transformações que ela provoca em sua vida.

“Eu amo este filme porque ele conta uma história que vai muito além da jornada de uma pessoa doente: ele mostra a vida. Foi essa perspectiva luminosa que me tocou e me fez querer interpretar esse papel”, disse a atriz.

Ao unir a própria trajetória, o ensaio em que expõe as cicatrizes e um papel principal em um longa-metragem sobre câncer de mama, Angelina reforça a mensagem que vem repetindo desde 2013: falar sobre prevenção, acesso à saúde e escolhas informadas pode salvar vidas.