Ibovespa sobe pela quarta sessão seguida e volta a se aproximar de máximas históricas
Índice fecha acima dos 162 mil pontos, impulsionado por bancos e cenário externo favorável
ECONOMIAO Ibovespa iniciou com força a última semana completa do ano antes das pausas para o Natal e o Réveillon, períodos que tradicionalmente reduzem a liquidez no mercado. Em alta pela quarta sessão consecutiva, o principal índice da B3 chegou a tocar os 163 mil pontos nesta segunda-feira (15), voltando a se aproximar dos recordes intradia e de fechamento registrados no começo de dezembro.
No encerramento do pregão, o índice marcou 162.481,74 pontos, com avanço de 1,07%. Durante a sessão, oscilou entre a mínima de 160.766,37 pontos — nível de abertura do dia — e a máxima de 163.073,14 pontos. O volume financeiro negociado somou R$ 23,6 bilhões.
Com o resultado, o Ibovespa acumula alta de 2,14% em dezembro e de expressivos 35,08% no ano, consolidando 2025 como um período de forte valorização para a Bolsa brasileira.
O desempenho positivo desta segunda-feira teve apoio consistente do setor financeiro, que possui o maior peso na composição do índice. Entre os grandes bancos, os ganhos chegaram a 3,10% no Santander Unit. O Itaú PN, principal papel do setor, avançou 1,51% no fechamento.
Entre as demais blue chips, o dia foi misto para a Petrobras, com leve queda nas ações ordinárias (-0,18%) e alta moderada nas preferenciais (+0,35%). Já a Vale, ação de maior peso individual no Ibovespa, subiu 0,61%, contribuindo para a sustentação do índice.
Na ponta positiva do pregão, os destaques foram Rede D’Or (+4,71%), ISA Energia (+4,49%) e Hapvida (+4,01%). No lado oposto, as maiores quedas ficaram com Assaí (-2,56%), Azzas (-2,40%) e Braskem (-2,39%).
No cenário internacional, a semana reserva a divulgação de indicadores relevantes nos Estados Unidos, ainda impactados pelo atraso causado pelo shutdown do governo americano entre outubro e parte de novembro. Segundo Matthew Ryan, head de estratégia de mercado da Ebury, o principal destaque será o relatório oficial de emprego (payroll) de novembro, previsto para esta terça-feira, em data atípica.
De acordo com Ryan, o dado ganha peso adicional em um momento de divergência entre políticas monetárias globais. “Enquanto o Federal Reserve continua a cortar juros, espera-se que o Banco do Japão eleve as taxas na sexta-feira. Já o Banco Central Europeu deve manter os juros na quinta, enquanto o Banco da Inglaterra deve cortar no mesmo dia”, avalia.
Para Rachel de Sá, estrategista de investimentos da XP, o mercado passou recentemente por uma mudança de foco. Segundo ela, houve uma transição de uma leitura mais macroeconômica — sustentada por sinais mais dovish do Fed — para preocupações microeconômicas, especialmente ligadas ao setor de inteligência artificial.
“O aumento dos investimentos exigidos por grandes empresas de tecnologia tem reacendido o debate sobre uma possível formação de bolha nesses ativos”, observa.
No ambiente doméstico, o Boletim Focus segue como um fator de suporte ao mercado acionário. As projeções de inflação vêm recuando de forma consistente, reforçando a expectativa de juros mais baixos à frente. Para Rubens Cittadin Neto, especialista em renda variável da Manchester Investimentos, esse movimento sustenta a perspectiva de uma Selic menor no primeiro trimestre de 2026.
“A expectativa para a inflação de 2025 caiu pela quinta semana consecutiva, de 4,40% para 4,36%, abaixo do teto da meta. Para 2026, a estimativa recuou para 4,10%”, destaca Andressa Bergamo, sócia-fundadora da AVG Capital.
Cittadin também ressalta que o ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos tem favorecido o apetite por risco no Brasil. “Esse diferencial de juros contribui para o fluxo externo e beneficia a Bolsa, inclusive por meio de operações de carry trade”, afirma.