Francisco Carlos de Assis | 15 de dezembro de 2025 - 16h40

Cofecon critica Selic a 15% e defende retorno da meta de inflação a 4,5%

Conselho afirma que inflação está sob controle e que juros elevados prejudicam crescimento e emprego

ECONOMIA
Conselho de Economia critica manutenção da Selic em patamar elevado - (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Conselho Federal de Economia (Cofecon) divulgou carta aberta criticando a decisão do Banco Central de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. No documento, a entidade também defende que o Conselho Monetário Nacional (CMN) retome o centro da meta de inflação em 4,5%, acima dos atuais 3%.

Para o Cofecon, a inflação no Brasil está sob controle e não justifica uma taxa de juros nominal tão elevada. Segundo a entidade, a manutenção da Selic nesse patamar provoca efeitos negativos sobre o crescimento econômico, o nível de emprego e o consumo das famílias.

Na avaliação do conselho, não se sustentam os argumentos de que a inflação brasileira decorre de excesso de demanda e que, por isso, deve ser combatida prioritariamente por meio do aperto monetário. A carta afirma que o fenômeno inflacionário no país tem causas estruturais.

“A inflação brasileira tem causas estruturais, como as características do mercado, significativamente oligopolizado, a extremada concentração de renda, a indexação ou reajuste automático de preços e contratos e a influência da volatilidade cambial”, aponta o texto.

O Cofecon também questiona a atual meta de inflação adotada pelo CMN. Segundo a entidade, entre 2005 e 2018, período em que o centro da meta era de 4,5%, o teto foi ultrapassado apenas durante a crise econômica de 2015.

Já a partir de 2021, com a redução gradual da meta até chegar aos atuais 3%, o teto foi estourado em quatro dos últimos cinco anos, mesmo com índices considerados moderados. O conselho observa que, se a meta de 4,5% e a banda superior de 6% tivessem sido mantidas, não teria havido descumprimento, com exceção de 2021, ano impactado pela pandemia de covid-19.

Na carta, o Cofecon reforça que a Selic em patamar elevado gera consequências amplas para a economia. Entre os efeitos listados estão o aumento dos gastos com juros da dívida pública, que chegam a cerca de R$ 1 trilhão por ano, além do encarecimento do crédito para empresas e famílias.

Segundo o conselho, esse cenário contribui para a retração do consumo, redução da geração de empregos e desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB). Para a entidade, uma revisão da política monetária e da meta de inflação é necessária para equilibrar o controle de preços com o desenvolvimento econômico.