15 de dezembro de 2025 - 16h20

Esther Dweck defende estatais, critica privatizações e anuncia plano para reestruturar os Correios

Ministra afirma que empresas públicas são patrimônio do país e diz que privatização pode piorar serviços

POLÍTICA
Esther Dweck participa de evento sobre democracia, direitos humanos e papel das estatais - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck rebateu críticas às empresas estatais e afirmou que, em determinados casos, processos de privatização resultam em piora na prestação de serviços à população. A declaração foi feita nesta segunda-feira (15), durante evento realizado na sede do BNDES, no Rio de Janeiro.

“As estatais não são peso na sociedade brasileira. Pelo contrário, são patrimônio do povo brasileiro e um ativo para o desenvolvimento sustentável com responsabilidade econômica, ambiental e social”, afirmou a ministra.

Papel estratégico das estatais - Segundo Dweck, as empresas públicas têm sido alvo de ataques recentes, apesar de terem papel central na construção da infraestrutura do país. Ela destacou a atuação das estatais na integração regional, geração de empregos, garantia da soberania, segurança energética, pesquisa, inovação e oferta de serviços essenciais.

“Sem elas, muitos direitos, serviços e oportunidades simplesmente não existiriam”, disse.

A ministra criticou a visão de que a privatização é solução automática para problemas de gestão e citou o caso de São Paulo, onde a concessionária Enel tem sido responsabilizada por longos apagões após temporais.

“Imagina pessoas de bairros de classe média e baixa ficarem dois dias sem geladeira. É uma situação extremamente grave”, afirmou.

Reestruturação dos Correios - Ao comentar a situação dos Correios, que enfrentam dificuldades financeiras, Dweck disse que o problema é global e afeta o setor postal em vários países. Ela lembrou que a empresa tem a obrigação constitucional de universalizar o serviço, atuando em todos os municípios, o que gera custos elevados.

Segundo a ministra, o governo trabalha há cerca de um ano em um plano de reestruturação da estatal. “Vamos aprovar em breve um plano para que a empresa possa repensar a sua atuação”, afirmou.

Dweck avaliou ainda que a crise foi agravada por gestões anteriores, que incluíram os Correios em listas de privatização, o que teria inibido investimentos.

A ministra citou dados do Banco Central para rebater críticas à gestão das estatais. Segundo ela, 23 empresas públicas investiram R$ 12,5 bilhões em 2,5 anos do atual governo, volume quase seis vezes maior que os R$ 2,1 bilhões registrados no mesmo período da gestão anterior.

Ela também criticou análises que confundem déficit com prejuízo. “Uma empresa pode ter lucro e, ao mesmo tempo, déficit, quando usa recursos de caixa para investir”, explicou.

Empresas e direitos humanos - O evento reuniu representantes do setor público, privado e da sociedade civil. A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, defendeu um pacto entre empresas e direitos humanos e afirmou que o setor privado deve atuar como agente de transformação social.

A empresária Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, participou por videoconferência e destacou iniciativas da companhia voltadas à diversidade, como o programa de trainee exclusivo para pessoas negras.

Já o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, criticou a aprovação de projeto que extingue cotas raciais em universidades estaduais de Santa Catarina e classificou a medida como um retrocesso. Ele destacou que o último concurso do banco reservou 30% das vagas para candidatos negros.