Redação | 15 de dezembro de 2025 - 14h45

Projeto de MS que salvou arara-azul da extinção inicia nova fase no Distrito Federal

Instituto Arara Azul leva expertise de 38 anos para diagnóstico de araras-canindé em ambiente urbano

MEIO AMBIENTE
Equipe do Intituto durante monitoramento de ninhos no Pantanal - (Foto: Divulgação)

Reconhecido mundialmente por tirar a arara-azul da lista de espécies ameaçadas de extinção, o Instituto Arara Azul (IAA), com sede em Mato Grosso do Sul, iniciou neste mês uma nova fase de atuação nacional. A organização começou um diagnóstico da presença de araras-canindé no Distrito Federal, com o objetivo de promover a conservação das aves em áreas urbanas.

O trabalho marca a chegada do projeto Aves Urbanas – Araras na Cidade ao DF e tem como foco unir ciência, comunidade e planejamento ambiental para proteger uma das aves mais emblemáticas do país. O levantamento é liderado pela fundadora e presidente do instituto, bióloga Neiva Guedes, referência internacional em conservação de psitacídeos.

“Conservação de verdade começa com paixão, mas só se sustenta com dados, método e envolvimento da comunidade”, destaca Neiva.

Com mais de 38 anos de atuação, o Instituto Arara Azul nasceu em Mato Grosso do Sul e se tornou símbolo de sucesso em conservação ambiental. O projeto começou nos anos 1990, quando a espécie enfrentava risco real de extinção. Com ações coordenadas, pesquisas de campo, monitoramento de ninhos e envolvimento da população, a arara-azul foi retirada da lista vermelha, tornando-se um ícone da fauna brasileira.

O projeto agora amplia seus horizontes com um olhar atento para as cidades. A experiência adquirida em MS serve de modelo para o DF, onde o desafio será conciliar urbanização com preservação da biodiversidade local.

No Distrito Federal, o levantamento é feito pela equipe técnica do IAA, composta também pelas biólogas Larissa Tinoco e Eliza Mense. A proposta vai além do simples mapeamento das araras-canindé. O foco está em avaliar a presença da espécie, suas áreas de uso, possíveis ameaças e o envolvimento da comunidade.

Segundo o instituto, sem apoio dos moradores e políticas públicas integradas, qualquer projeto urbano de conservação corre o risco de virar apenas peça de marketing.

A ação tem apoio institucional da Secretaria de Meio Ambiente do DF (SEMA) e foi articulada por Marcos Woortmann, do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), e Ricardo Monte Rosa, do Conselho Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável do Lago Norte (CRDRS).

A chef Fabiana Pinheiro, do Sallva Bar & Ristoranti, também aderiu à causa e se tornou uma das apoiadoras do projeto. Apaixonada pelas araras, ela idealiza a criação de uma praça temática no Lago Norte como ponto turístico, reforçando a presença das aves como símbolo da cidade.

Entretanto, a própria chef reconhece que a proposta precisa se firmar em planejamento técnico, educação ambiental e dados científicos concretos para sair do papel.

Mesmo com o novo foco no Distrito Federal, Mato Grosso do Sul segue como o berço e referência nacional em conservação de araras. A experiência do IAA mostra que é possível aliar desenvolvimento, engajamento comunitário e preservação ambiental — um modelo que agora se expande, levando a marca da conservação sul-mato-grossense para outros estados.