Da Redação | 15 de dezembro de 2025 - 11h50

Município contesta paralisação dos motoristas e diz estar em dia com repasses

Greve de motoristas expõe tensão entre Consórcio Guaicurus e Prefeitura de Campo Grande

CAPITAL
O diretor-executivo da Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande (Agereg), Otávio Figueiró, o secretário da Segov, Ulisses Rocha e a procuradora-geral do município, Cecília Rizkallah - (Foto: A Crítica)

A paralisação dos motoristas de ônibus nesta segunda-feira (15), em Campo Grande, acirrou o embate entre a Prefeitura e o Consórcio Guaicurus. A categoria alegou atraso nos salários, mas o município afirma que todos os repasses estão em dia, e que a greve é ilegal e abusiva.

A prefeita Adriane Lopes (PP) já foi informada da situação, e órgãos da administração municipal apontam falhas operacionais graves por parte da concessionária. Enquanto os ônibus permaneciam nas garagens, cerca de 110 mil usuários ficaram sem transporte, segundo a Procuradoria-Geral do Município.

De acordo com o diretor-executivo da Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande (Agereg), Otávio Figueiró, o pagamento referente ao subsídio de dezembro foi feito de forma antecipada. “A prefeita não mediu esforços. Pagou antes do prazo para garantir o salário dos funcionários do consórcio”, disse. O valor adiantado seria de R$ 3 milhões.

A prefeitura ainda acusa o consórcio de operar com quase 200 ônibus fora da idade média permitida e de só contratar o seguro obrigatório após ser multado em R$ 12 milhões. Além disso, a perícia judicial apontou que, nos primeiros anos de concessão, o consórcio teve uma taxa de retorno de 24%, o dobro do previsto em contrato. O caso está sendo discutido na Justiça.

A procuradora-geral do município, Cecília Rizkallah reforçou que a greve foi considerada ilegal pela Justiça. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou o funcionamento mínimo de 70% da frota e autorizou multa de R$ 20 mil por dia caso a decisão seja descumprida. “Não há justificativa legal para a greve total, especialmente num serviço essencial como o transporte coletivo”, afirmou Rizkallah.

Portões do terminal Júlio de Castilho permanecem trancados nesta manhã

O secretário da Secretaria Municipal de Governo e Relações Institucionais (Segov), Ulisses Rocha, também criticou a postura do consórcio. Segundo ele, mesmo com isenção de ISS, apoio no pagamento das gratuidades e subsídios em dia, a empresa reduziu o quadro de funcionários, inclusive com demissão de cobradores. “Existe uma ação popular em andamento pedindo intervenção na empresa. Ainda não é o caso, mas é um cenário que está sendo analisado”, disse.

Outro lado - Mais cedo, o Consórcio Guaicurus, afirmou que a greve dos motoristas é consequência de atrasos nos repasses da Prefeitura. Em nota, a empresa alegou que pagou apenas 50% dos salários de novembro por falta de recursos e atribuiu a situação à dívida de mais de R$ 39 milhões em subsídios, acumulada desde 2022.

O consórcio também disse que o pagamento do restante dos salários, do adiantamento de dezembro e da segunda parcela do 13º depende da regularização dos repasses. A empresa negou má gestão e afirmou estar tomando medidas legais para manter o serviço, considerado essencial.

Enquanto isso, a Prefeitura segue monitorando a situação e prepara novas multas contra o consórcio. A manutenção da greve levanta dúvidas sobre a viabilidade do contrato atual, mas a rescisão ainda não é uma decisão tomada.