MS lidera recuperação de pastagens e vira referência em agropecuária de baixo carbono
Estado combina crédito verde, ciência e políticas públicas para fortalecer produção com sustentabilidade
AGRO SUSTENTÁVELMato Grosso do Sul consolidou-se como referência nacional na recuperação de pastagens degradadas e na promoção de uma agropecuária sustentável e de baixo carbono. Com cerca de 4,7 milhões de hectares em condições de reabilitação, o Estado adota políticas públicas estruturantes, incentivos financeiros e tecnologias de manejo para recuperar o solo, aumentar a produtividade e proteger o meio ambiente.
"Estamos mostrando ao Brasil que é possível produzir mais com responsabilidade ambiental e tecnologia", afirma Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).
Esse avanço coloca o Estado entre os líderes do país na transição para uma nova economia verde, baseada em práticas agropecuárias que conciliam desempenho econômico e conservação de recursos naturais.
Pastagens como motor da transformação - O desafio de reverter décadas de desgaste do solo causado por práticas extensivas sem manejo adequado impulsionou a criação de políticas estaduais robustas. Dados do LAPIG e MapBiomas apontam que o Mato Grosso do Sul possui uma das maiores áreas de pastagens com baixo vigor no Brasil. No entanto, parte significativa dessa extensão está no Pantanal, onde a vegetação nativa e a dinâmica do bioma não caracterizam degradação por ação humana.
A degradação, segundo o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD), é fruto de métodos antigos, com baixa lotação de gado e pouco uso de adubação ou tecnologias modernas. A resposta veio com investimentos coordenados e permanentes.
Políticas públicas que fazem a diferença - A recuperação de pastagens e o avanço sustentável da pecuária são guiados por programas estratégicos:
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Prosolo: recuperação de áreas com erosão e melhoria da fertilidade do solo.
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MS Irriga: ampliação da irrigação sustentável e uso racional da água.
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Plano ABC+ MS: incentivo a sistemas integrados como Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), uso de bioinsumos e manejo adequado de resíduos.
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Precoce MS: estímulo à pecuária de baixo carbono e ao abate precoce.
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FCO Verde: linha de crédito sustentável, que entre 2020 e 2024 liberou R$ 812 milhões para 771 projetos.
Avanços reconhecidos internacionalmente - Além de recuperar áreas produtivas, o Estado investe na credibilidade de suas cadeias produtivas. A Semadesc e o Fundems aplicam R$ 7,6 milhões em projetos de certificação e monitoramento de carbono em culturas como soja e milho, alinhando o MS às exigências dos principais mercados globais.
Na pecuária, o Estado conquistou em 2025 o status de área livre de febre aftosa sem vacinação e prepara a implementação do Sistema Estadual de Rastreabilidade Bovina, com início em 2026 e cobertura total até 2032.
Outro destaque é o Selo Verde, que reunirá dados ambientais e produtivos para dar transparência socioambiental à produção de carne e soja no Estado.
Capacitação e inovação como pilares - Com mais de 3,6 milhões de hectares em áreas com ILPF, o Mato Grosso do Sul lidera o país na adoção de sistemas produtivos integrados. A estratégia reduz a pressão por novas aberturas, aumenta a fertilidade do solo e diversifica a renda do produtor.
O Estado também é um dos cinco maiores consumidores de bioinsumos do país, com crescimento impulsionado pelo Programa Estadual de Bioinsumos. A intensificação sustentável por meio do confinamento racional e o manejo rotacionado de pastagens ajudam a manter altos índices de produtividade e bem-estar animal.
Formação técnica com impacto no campo - Em parceria com Agraer, Senar e instituições federais, o governo estadual promove capacitações voltadas à produção sustentável. Entre os destaques estão os projetos:
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Carbono ATeG: apoio técnico para mensurar e reduzir emissões de gases de efeito estufa.
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ABC Cerrado: capacitações em ILPF, plantio direto e florestas plantadas.
"Nossa meta é garantir que cada propriedade tenha acesso à assistência técnica de qualidade e crédito sustentável, produzindo mais e conservando mais", afirma Verruck.
Mato Grosso do Sul avança com solidez no caminho de uma agropecuária moderna, que alia competitividade, tecnologia e preservação ambiental — e se posiciona como modelo para o país.