André Marinho | 14 de dezembro de 2025 - 17h30

Setor financeiro lidera pagamento de impostos federais no Brasil desde 2011

Estudo da Fin aponta que bancos e financeiras contribuem mais do que sua participação no PIB sugere; debate com fintechs esquenta

CARGA TRIBUTÁRIA
Estudo da Fin aponta que setor financeiro responde por quase 5% do PIB e lidera arrecadação de tributos no Brasil. - Foto: Freepik

O setor financeiro brasileiro tem sido, de forma consistente, o maior pagador de impostos federais do país desde pelo menos 2011. A conclusão é de um estudo divulgado neste domingo (14) pela Confederação Nacional das Instituições Financeiras (Fin), com base em dados da Receita Federal.

De acordo com o levantamento, entre 2016 e 2021, os tributos pagos pelas instituições financeiras superaram em cerca de 10 pontos percentuais a participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB). Em 2024, o segmento respondeu por 4,8% do PIB, o equivalente a R$ 483,6 bilhões em valor adicionado — um dos cinco maiores da economia nacional.

“Os dados mostram com clareza que o sistema financeiro brasileiro não apenas impulsiona investimento, inovação e consumo, como também sustenta uma parcela significativa do emprego formal e da arrecadação pública”, afirmou a presidente da Fin, Cristiane Coelho.

Carga elevada, mas desigual - O estudo também aponta que o Brasil tem uma carga tributária mais elevada do que 75% dos países analisados, em patamares semelhantes aos de economias desenvolvidas. Ao mesmo tempo, cerca de 4,5% do PIB são utilizados para reduzir impostos em setores específicos, gerando distorções no sistema.

“Enquanto as empresas no Brasil pagam um elevado volume de impostos, algumas atividades pagam muito mais do que outras”, apontam os pesquisadores da Fin.

Fintechs x bancos: quem paga mais? - A divulgação dos dados ocorre em meio a uma disputa entre bancos tradicionais e fintechs sobre quem enfrenta maior carga tributária. No fim de novembro, o CEO do Nubank, David Vélez, afirmou que sua instituição seria a maior pagadora de impostos do país, com uma alíquota efetiva de 31%.

Em resposta, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) acusou a fintech de se beneficiar de “assimetrias regulatórias” e argumentou que os grandes bancos continuam sendo os maiores contribuintes, mesmo com margens menores em comparação às novas plataformas digitais.

Segundo o relatório, o setor financeiro apresentou crescimento de 7,5% em 2023 e 3,7% em 2024, superando o avanço geral do PIB, que foi de 3,2% e 3,4%, respectivamente.

O volume de crédito ao setor privado atingiu 93,5% do PIB neste ano, abaixo da mediana internacional (139%), mas com crescimento expressivo: alta de 16,5 pontos percentuais entre 2019 e 2024, o terceiro maior avanço entre cerca de 40 países.

Além disso, o Brasil se destaca no cenário internacional pela expansão das transações eletrônicas, impulsionadas principalmente pelo Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central.

Emprego e renda em alta - O número de trabalhadores no setor financeiro cresceu, em média, 3,2% ao ano entre 2011 e 2021, enquanto a remuneração nominal teve avanço médio de 7,4% ao ano. Os dados reforçam o papel do setor como um dos mais dinâmicos do mercado de trabalho brasileiro.

“Em 2024, o setor respondeu por quase 5% do PIB brasileiro e foi a atividade, entre as grandes acompanhadas pelo IBGE, cujo desempenho mais se correlaciona com o consumo e o investimento futuros”, afirmou Vinícius Botelho, gerente de Assuntos Econômicos da Fin.