Toffoli barra acesso da CPI do INSS a dados sigilosos de dono do Banco Master
Ministro do STF determina que documentos sobre Daniel Vorcaro fiquem sob guarda de Davi Alcolumbre até nova deliberação da Corte
POLÍTICAO ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (12) que os documentos referentes às quebras de sigilo do empresário Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, não sejam entregues diretamente à CPI do INSS. A decisão determina que as informações sejam encaminhadas exclusivamente ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que deverá mantê-las sob guarda até nova deliberação da Corte.
A medida atinge os dados fiscais, bancários e telemáticos de Vorcaro, alvo de investigações da CPI por suposto envolvimento em fraudes e organização criminosa ligadas a um esquema bilionário de emissão de créditos falsos. Estima-se que o montante envolvido chegue a R$ 12 bilhões.
A decisão ocorre no contexto de uma reclamação judicial que pedia a anulação das quebras de sigilo aprovadas pela comissão. Embora Toffoli tenha negado o pedido de anulação, restringiu o acesso imediato da CPI aos documentos, que já começavam a ser recebidos pelo colegiado.
O presidente da CPI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), classificou a decisão como "estranha" e "grave", alegando que ela enfraquece o poder investigativo do Parlamento e pode prejudicar a apuração das denúncias.
“Sempre que se afasta da CPI o acesso a documentos essenciais, enfraquece-se a investigação e amplia-se a desconfiança da sociedade sobre o que se tenta ocultar”, afirmou o parlamentar.
Viana também alertou para o que considera um “precedente perigoso” de interferência do Judiciário em comissões parlamentares de inquérito.
Vorcaro havia sido convocado para depor na comissão e teve seus sigilos quebrados no início de dezembro. A CPI busca investigar a atuação do Banco Master com empréstimos consignados a aposentados e pensionistas.
Toffoli é o relator do caso no STF e tem conduzido as apurações envolvendo o banco. Nos últimos dias, ele também foi envolvido em uma polêmica após o jornal O Globo revelar que viajou para o Peru em um jato privado no qual também estava um dos advogados ligados à defesa de Vorcaro. A viagem ocorreu antes de o caso ser distribuído ao seu gabinete, o que aconteceu posteriormente por sorteio. Já sob sua relatoria, Toffoli colocou o processo sob sigilo.